Agência Panafricana de Notícias

Navio pirata de petróleo líbio é egípcio, segundo Coreia do Norte

Tripoli, Líbia (PANA) – A Coreia do Norte negou qualquer responsabilidade no caso do navio de pavilhão norte-coreano que carregou ilegalmente petróleo líbio vendido por milícias armadas líbias, e escapou à Marinha nacional, afirmando tratar-se de uma embarcação egípcia.

Segundo a Agência Norte-coreana de Notícias, que cita um porta-voz da Marinha coreana, o
petroleiro «Morning Glory » é um barco egípcio de pavilhão norte-coreano por um período de seis meses em conformidade com um acordo assinado com a Coreia do Norte.

A fonte precisou que a Coreia do Norte rompeu o acordo assinado com a empresa egípcia
«Golden Est», quando as autoridades coreanas tomaram conhecimento de informações ligadas ao caso do carregamento traficado.

« A Coreia do Norte informou o Governo líbio e a Organização Internacional da Marinha de ter posto termo à inscrição do navio nos seus registos na sequência da violação pelo barco das leis coreanas que proíbem o transporte de carregamentos proibidos e a entrada em zonas de conflito ou de catástrofe natural », acrescentou a Agência.

Lembre-se que a Líbia informou a Coreia do Norte do contrato assinado pelo navio com os grupos armados para carregar o petróleo depois de entrar ilegalmente num dos portos líbios no leste do país.

Na sequência destas informações, a Coreia do Norte denunciou o comportamento da empresa egípcia por violar o acordo que os ligava e pediu ao barco para deixar imediatamente o porto sem o carregamento, afirma o porta-voz norte-coreano.

O navio-cisterna Morning Glory carregou o petróleo no porto de al-Sedra controlado por um grupo armado autonomista no leste da Líbia, e conseguiu entrar nas águas internacionais depois de ameaçar as fragatas da Marinha líbia que o cercavam.

Segundo as autoridades líbias, as más condições marítimas teriam permitido ao petroleiro escapar às fragatas da Marinha líbia não habilitadas a navegar durante tempestades.

Pouco antes, circulavam informações contraditórias sobre a situação do petroleiro que o Governo líbio afirmava controlar, enquanto o grupo armado autonomista insistia que o barco estava no porto de al-Sedra desde que nele atracou sábado passado.

O então primeiro-ministro líbio, Ali Zeidan, que qualificou a operação de « venda ilegal » de petróleo e « violação da soberania do país e do Direito internacional », declarou que o Exército não hesitaria em utilizar a força para impedir a saída do navio.

As Nações Unidas criticaram severamente a iniciativa das milícias líbias do leste do país de vender petróleo por sua própria conta, fora dos serviços legais do Estado e qualificaram de “ilegal” o carregamento feito pelo petroleiro de pavilhão norte-coreano.

A censura onusina foi feita durante uma reunião do Conselho de Segurança em Nova Iorque (Estados Unidos), na qual o representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas na Líbia, Tarek Mitri, apresentou um relatório sobre a situação neste país da África do Norte.

Mitri indicou que a situação geral de segurança continua a deteriorar-se na Líbia e que não houve progressos na integração dos elementos das unidades armadas no Exército Nacional e na Polícia num contexto de proliferação das armas ainda não recuperadas dos grupos armados.

O reforço das capacidades do Estado para lhe permitir assumir as suas responsabilidades de segurança encalhou na ausência dum acordo político sobre a reconstrução do Exército Nacional, integração dos ex-rebeldes e recuperação das armas em circulação no país, explicou Tarek Mitri, acrescentando que a solução necessita duma estratégia clara com garantias para os ex-rebeldes sobre a preservação dos seus direitos e interesses legais.

Ele insistiu na importância de um apoio internacional coordenado à Líbia, sublinhando, no entanto, que este apoio só pode ser eficaz se acompanhado dum compromisso forte e duma verdadeira vontade política dos líderes líbios de resolver os principais problemas pelo diálogo.

Com efeito, grupos de milícias armadas bloqueiam desde julho passado os terminais petrolíferos do leste do país para reclamar pela autonomia da região da Cirenaica e contra contra a venda do petróleo local pelas autoridades centrais.

-0- PANA AD/IN/JSG/FK/IZ 13março2014