Agência Panafricana de Notícias

Navio encalhado não põe em risco ambiente marinho em Cabo Verde, dizem autoridades

Praia, Cabo Verde (PANA) – As autoridades marítimas de Cabo Verde garantiram, domingo, que a situação do navio “Deimos", encalhado desde 13 deste mês, nas imediações do porto de Vale dos Cavaleiros, na ilha cabo-verdiana do Fogo, "é estável e não há risco iminente de poluição do meio ambiente marinho".

Em declarações à imprensa, na cidade de São Filipe, o vogal executivo do Instituto Marítimo Portuário (IMP), Manuel Claudino Monteiro, assegou também que o navio encalhado "não  põe  em causa a operacionalidade do porto, o único da ilha com cerca de 40 mil habitantes".

Depois de um encontro com as autoridades marítimas nacionais, Manuel Claudino Monteiro indicou que o interesse público maior que existe desde a altura da ocorrência do acidente é prevenir a poluição do meio ambiente marítimo, mas também evitar que haja uma situação de inoperacionalidade do porto de Vale dos Cavaleiros, em resultado deste encalhe.

“Em termos de segurança, não há risco iminente de poluição do meio ambiente marinho, apesar de o navio ter nos tanques de combustíveis cerca de 70 toneladas de gasóleo, porque os tanques são elevados, cerca de um metro acima do fundo do navio”, explicou.

O responsável do IMP indicou ainda que o navio está "completamente assente" em cima de rochas do tipo calhau e a menos de dois metros da terra.

A casa de máquinas do navio está inundada parcialmente com água do mar porque, explicou, ocorreram furos no fundo do navio derivado do encalhe.

Neste momento, tem quatro furos, um dos quais ocorrido à popa, logo após o acidente, e outros três devido à ação do mar durante os três dias, estando o navio a quatro metros da água pelo que não há risco de inundação.

Monteiro assegurou também que as cargas que o navio transporta estão ainda intactas, porque não há água no interior do porão e não há risco maior de avaria na carga.

O vogal da IMP garantiu ainda que, nas condições atuais, não há risco de poluição com o combustível a bordo, apesar de ter havido um rombo, localizado nas proximidades da casa de máquinas do navio.

A casa de máquinas, onde se encontram os óleos, os combustíveis e  ságua, está parcialmente alagada, mas a seguradora do navio e da carga já assumiu a responsabilidade da remoção da embarcação.

Enquanto isso, uma equipa de mergulhadores e de especialistas em arquitetura naval, constituída por técnicos nacionais e estrangeiros, chega esta segunda-feira à ilha do Fogo para reforçar a equipa técnica que está a trabalhar desde o dia do encalhe.

Eles vão preparar um plano de salvamento do navio de forma a evitar que qualquer intervenção de remoção venha a representar um risco maior de poluição.

Em relação ao “timming” para a operação de remoção do navio, Monteiro  disse esperar que seja antes do final desta semana.

Com o reforço da equipa de coordenação, vai estabelecer-se o plano com medidas preventivas que tem de ser tomadas a bordo, nomeadamente, analisar se há necessidade de se fazer a trasfega dos combustíveis (70 toneladas) para a terra, para prevenir a poluição.

Outra questão é ver se há a necessidade de retirar parte da carga para aliviar o navio e permitir aos dois rebocadores fazerem o trabalho de desencalhe.

O navio Deimos, com bandeira do Panamá, de 94 metros de comprimento, 15 de largura e 5,5 metros de calado e com capacidade para mais de três mil toneladas de carga, encalhou na manhã de sexta-feira, 13, nas proximidades do porto de Vale dos Cavaleiros, onde descarregou cimento.

Pessoas que presenciaram o acidente avançaram à Inforpress que o navio que descarregou o cimento saiu do porto de Vale dos Cavaleiros, na ilha do Fogo, às 07:45 horas locais e que, cinco minutos depois, ainda na baía do porto, sofreu uma avaria na máquina principal, originando o acidente.

Na sequência do acidente, a associação ambientalista Projeto Vitó fez um "alerta ambiental", na sua página oficial, no Facebook, chamando a atenção das autoridades para para o risco ambiental de um derrame que pode afetar a orla costeira da cidade de São Filipe.

-0- PANA CS/IZ 16nov2020