Agência Panafricana de Notícias

Movimento Patriótico reclama por demissão do Presidente maliano

Bamako, Mali (PANA) - O Movimento de 5 de junho - Coligação das Forças Patrióticas (M5-RFP) reafirmou esta segunda-feira a sua determinação de conseguir, "por todos os meios legais e legítimos", a demissão definitiva do atual Presidente da República do Mali, Ibrahim Boubacar Kéita.   

Num comunicado distribuído à PANA, em Bamako, o movimento renova o seu apelo para uma maior mobilização, a partir de sexta-feira próxima, em todo o país e na Diáspora, para "o fim completo da sua justa luta pela sobrevivência do Mali e pela felicidade dos malianos".

Na sua nota, o M5-RFP declara que a sua luta visa igualmente o fim todo o regime de Keita, ressalvando a aplicação do Memorando de 30 de junho para uma saída da crise.

O Movimento explica que Ibrahim Boubacar Kéita ignorou todos os pedidos e medidas contidos no Memorando de 30 de junho, remetendo o M5-RFP  à "sua maioria presidencial que não dispõe de nenhum poder e pela qual ele próprio  não tem, além disso, nem respeito nem consideração".

Recebendo uma delegação do M5-RPF domingo no quadro da solução política da crise no país, o Presidente maliano congratulou-se com  a presença de quase todos os membros da equipa estratégica do M5 e declarou que "esta presença em si é uma vitória para o Mali, um ato de fé que convence da singularidade do nosso povo".

Ele precisou ter anotado as reclamações do M5-RFP através do memorando que lhe foi entregue.

"Eu respeito as posições exprimidas e convido-vos a continuar e a aprofundar as discussões com a maioria presidencial", disse.

Falando em nome do M5, Choguel Kokalla Maiga, agradeceu ao chefe de Estado do Mali pela iniciativa da reunião. "Nós não poderíamos não vir", disse, antes de continuar que o M5 consultará as suas bases e enviará a sua resposta ao chefe de Estado.

No Memorando de 30 de junho, o M5-RFP fez uma série de propostas para sair da crise, à atenção do Presidente Kéita.

Entre estas propostas figuram a dissolução da Assembleia nacional, contestada pela "manipulação" dos resultados das eleições legislativas de março e abril de 2020 pelo Tribunal Constitucional em benefício do partido presidencial, e a  substituição dos nove membros do Tribunal Constitucional.

Propõem ainda a criação de um governo de transição conduzido por um primeiro-ministro de plenos poderes designado pelo M5-RFP e a criação de um órgão que substituirá a Assembleia Nacional.

De 5 e 19 de junho último, o Movimento organizou, na Praça da Independência, no centro de Bamako, manifestações de várias dezenas de milhares de pessoas para exigir a demissão do Presidente Kéita e do seu regime que acusa de "má governação e má gestão" das múltiplas crises  que o Mali atravessa.

"Graças às negociações que o M5-RFP teve com a comunidade internacional e os líderes de opinião do país, abandonamos o nosso objetivo principal: a demissão do Presidente. Mas, como ele não tomou em consideração as nossas propostas de saída de crise e remeteu-nos a uma maioria presidencial incapaz de agir, mantemos, portanto, a manifestação de 10 de julho para exigir a demissão de Ibrahim Boubacar Kéita e do seu regime", afirmou um responsável do Movimento.

-0- PANA GT/JSG/SOC/MAR/IZ 06julho2020