Agência Panafricana de Notícias

Mo Ibrahim insta Europa a apoiar democracia em África

Paris, França (PANA) – Os interesses da Europa apenas podem ser duravelmente garantidos pela democracia e não pelo apoio aos ditadores, defendeu terça-feira em Paris o empresário de origem sudanesa Mohammed "Mo" Ibrahim.

« Se a Europa quer garantir a longo prazo os seus interesses ela tem todo interesse em se aproximar dos povos africanos. Pensar que a conivência com os ditadores seria benéfica é um grande erro », indicou Mo Ibrahim durante uma encontro com a imprensa.

Para o empresário, que fez fortuna na telefonia celular ao criar o operador CELTEL que se tornou depois ZAÏN, qualquer aposta no apoio aos ditadores terá surpresas na nova África.

« Havia uma África na qual o Estado era o único proprietário dos meios de informação, na qual a única televisão partencia ao poder, na qual toda a informação era controlada. Esta África já não existe », argumentou o empresário que dirige a Fundação com o seu nome.

Ele sublinhou as perturbações provocadas pelo desenvolvimento das tecnologias da informação em África, reafirmando que a democracia era o único meio político doravante capaz de responder às aspirações dos povos africanos.

« O que aconteceu na Tunísia e no Egito nunca teria sido possível sem as TIC. Apesar dos esforços colossais, os Governos destes dois países não conseguiram impedir a circulação das informações. Nesta nova África, o povo é o único soberano e os nossos amigos europeus devem persuadir-se disso”, frisou o presidente da Fundação Mo Ibrahim.

Ele apelou, além disso, aos Europeus a seguir o exemplo dos Americanos em matéria de apoio constante à democracia.

« Os Americanos escolhem geralmente muito claramente a democracia e a luta contra a corrupão na sua relação com os Estados africanos. Seria bom que os nossos amigos Europeus fizessem o mesmo”, insistiu o empresário que vive em Londres.

Criada em 2006, a Fundação Mo Ibrahim instaurou um prémio para a boa governação em África dotado dum envelope de cinco milhões de dólares americanos atribuídos em 10 anos ao laureados, que recebem também 200 mil dólares americanos anualmente até à morte.

Desde a sua criação, o prémio foi atribuído aos ex-Presidentes do Botswana, Festus Mogae, de Moçambique, Joaquim Chissano, e da África do Sul, Nelson Mandela, que foi nomeado laureado de honra pelas suas qualidades extraordinárias de liderança e pelas suas realizações.

-0- PANA SEI/JSG/MAR/TON 29março2011