Agência Panafricana de Notícias

Missão da CEDEAO avalia resultados do combate ao tráfico de droga em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) esteve, semana finda, em Cabo Verde para avaliação e seguimento da implementação do Plano de Ação de combate ao tráfico ilícito de drogas, apurou a PANA este domingo de fonte autorizada.

Após estabelecer contacto com várias instituições que lidam com a problemática do combate à droga e o crime organizado no arquipélago, a missão, que integrou também um representante da Organização das Nações Unidas de Combate à Droga (ONUDC), realçou as boas práticas de Cabo Verde no combate ao tráfico e uso das drogas.

Em conferência de imprensa para balanço das atividades, a porta-voz da missão, Ludimila Barai Mukulec, que representou a CEDEAO, destacou o facto de o consumo das drogas ser já considerado uma doença em Cabo Verde, o que, na sua perspetiva, representa um avanço face aos outros países da comunidade.

“Os outros países estão ainda relutantes a considerá-lo como uma patologia. Portanto, isso é um avanço e é uma boa prática que vamos levar para os outros Estados-membros da CEDEAO”, disse, referindo-se também ao facto de a Comissão de Coordenação do Álcool e Outras Drogas (CCAD), entidade que previne o consumo e trata dos doentes, ter sido transferida do Ministério da Justiça para o Ministério da Saúde.

“A parte da oferta, da repressão ficou com o Ministério da Justiça. Então as duas instituições coordenam para atingir o objetivo que se deseja e que é o combate ao tráfico e também o tratamento dos toxicodependentes”, salientou.
Em termos de tratamento aos toxicodependentes, Ludimila Barai Mukulec enalteceu a criação das coalizões comunitárias, que cumprem um papel “muito importante” ao nível da recuperação daqueles que tiveram a infelicidade de experimentar a droga.

“Essas instituições acabam por realizar ações que supostamente deviam estar a ser realizadas pelo Governo e isso é de se louvar”, disse.

Outro aspeto constatado com satisfação pela missão tem a ver com a “salutar” cooperação institucional existente entre as entidades que lidam com a questão do combate ao tráfico ilícito das drogas e os crimes conexos.

Antes de Cabo Verde, a missão já esteve de visita a outros países da CEDEAO, mas Ludimila Barai Mukulec disse terem constatado, entretanto, que há uma fraca colaboração institucional a nível regional, pelo que recomendam uma melhor cooperação entre os países que integram a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

“Entendemos que essa colaboração entre os países da região deve ser reforçada, pois, a título de exemplo, em caso de pedido de extradição e assistência mútua haja uma resposta rápida da parte solicitada. O mesmo deve acontecer também em relação ao pedido das informações”, referiu.

De Cabo Verde a missão segue para Guiné-Bissau e Mauritânia. No final será elaborado um relatório que será validado na conferência ministerial que terá lugar em setembro próximo.

O tráfico ilícito, o abuso de drogas e o crime organizado relacionado continuam a ser uma grande preocupação na África Ocidental. O Plano de ação contra a droga na CEDEAO (2016-2020) é um dos componentes desse combate.

-0- PANA CS/IZ 15abril2018