Agência Panafricana de Notícias

Milhares de pessoas fogem de ataques da seita nigeriana Boko Haram no sul do Níger

Niamey, Níger (PANA) – Milhares de pessoas em fuga dos recentes confrontos entre o Exército nigeriano e grupos armados da seita islamita Boko Haram afluíram nas últimas semanas para Diffa, no extremo sul do Níger, em busca de segurança, revela um boletim informativo do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

« Trata-se do movimento de populações mais importante registado nos últimos meses », precisa o chefe de delegação do CICR no Níger, Loukas Petridis.

Segundo a mesma entidade, estes indivíduos, essencialmente mulheres e crianças, fugiram das localidades de Bama, Baga, Doron Baga e Kaya Koura, onde combates opuseram recentemente o Exército nigeriano a grupos armados.

« Estas populações são completamente pobres e dependem inteiramente da solidariedade das comunidades que as acolhem e da ajuda das organizações humanitárias », explica Petridis.

«Os deslocados vivem em Diffa em condições muito precárias. Todos os seus bens foram pilhados ou queimados com as suas casas durante os combates », indica um perito em segurança económica do CICV, Marc Fumeaux.

Em Diffa, alguns tiveram que se instalar em abrigos rudimentares, como telas ou palhas, na periferia da cidade, ao passo que outros tiveram a sorte de ser recebidos em famílias de acolhimento que também se debatem com dificuldades de subsistência.

« Eles precisam com urgência de víveres e de artigos de primeira necessidade », sublinhou Marc Fumeaux, preocupado igualmente com a situação das populações residentes que acolhem os deslocados.

Para responder às necessidades humanitárias urgentes dos deslocados e aliviar famílias residentes vulneráveis, o CICR e a Cruz Vermelha Nigerina acabam de encaminhar víveres para mais de duas mil pessoas (274 famílias de deslocados e 65 famílias residentes vulneráveis) em Diffa.

Além disso, 203 famílias receberam artigos de primeira necessidade, nomeadamente mantas, lonas, mosquiteiros, esteiras, vestuários e utensílios de cozinha.

O CICR sublinha igualmente que numerosos deslocados se refugiaram nas ilhas do lago Tchad.

Estas ilhas, que acolhiam normalmente populações de pescadores sazonais e comerciantes, viram a sua população aumentada com a chegada maciça de deslocados fugindo dos combates.

« As populações deslocadas e os residentes têm um acesso extremamente limitado à água, a infraestruturas sanitárias ou a tratamentos sanitários. Com a subida do nível das águas, o acesso a estas ilhas isoladas continua a ser um verdadeiro desafio logístico", explica o chefe da sub-delegação do CICR em Diffa, Yssouf Koné.

Acrescentou que e a insegurança impede numerosas organizações humanitárias de lá chegarem.

-0- PANA SA/JSG/IBA/MAR/DD 03out2014