Agência Panafricana de Notícias

Mercenários combatem nas fileiras de milícias em Darfur, diz Exército

Porto Sudão, Sudão (PANA) - Mercenários estrangeiros de América Latina foram capturados durante recentes ataques contyra a cidade de Al Fashir, a capital de Darfur (oeste) sob o controlo do Governo, informou segunda-feira a Força Conjunta dos Movimentos de Luta Armada Sudanesa (Força Conjunta). 

Num comunicado de imprensa, a Força Conjunta frisou que isto revela a implicação estrangeira acrescida na guerra que prevalece na região de Darfur, desde o início do conflito armado em abril de 2023. 

Um grupo de ex-rebeldes de Darfur, que se juntaram ao Governo Federal Sudanês, após o acordo de paz de Juba assinado em 2022, declarou que também se revelou , numa recente batalha, uma implicação sem precedentes e impressionante de mercenários de diferentes nacionalidades, que combatem nas fileiras das Forças de Apoio Rápido (FSR, sigla em inglês), paramilitares.

Trata-se de uma série de ataques levadas a cabo pelas FSR que procuram a invadir a cidade de Al Fashir, a única maior atualmente sob o controlo das forças governamentais e que acolhe centenas de campos de pessoas deslocadas no interior do país.

A 2 de agosto corrente, os paramilitares lançaram uma ofensiva maior contra a mesma cidade, mas foram repelidos, segundo as Forças Armadas Sudanesas  e as Forças Conjuntas.

“Informações confirmadas indicam a participação de mercenários do Sudão do Sul, do Tchad, da Etiópia e do Quénia, além de mais de 80 mercenários da República de Colômbia. Vários mercenários colombianos envolvidos em operações de drones e na coordenação da artilharia foram mortos”, lê-se no comunicado publicado domingo último na sua página do Facebook. 

O documento indica igualmente que as FSR, tristemente célebres, há muito tempo, pelas práticas brutais, recorreram ao recrutamento de mercenários estrangeiros devido à sua incapacidades de enfrentar as Forças Armadas Sudanesas, as Forças Conjuntas dos Movimentos de Luta Armada e a Resistência Popular no terreno.

Mais alarmante ainda, segundo o mesmo texto, é a colaboração destas com as milícias de Abdulaziz Al-Hilu, um outro senhor de guerra, no quadro de um convénio em virtude do qual eles foram incumbidos de alvejar qualquer pessoas que tentar sair da cidade de Al Fashir, incluindo mulheres, crianças e idosos.

“Exortamos os países de que vieram cidadãos envolvidos como mercenários a assumirem as suas responsabilidades morais e jurídicas para empreender um diálogo com as autoridades sudanesas a fim de pormos fim a esta situação grave, suscetíveis de os implicar crimes de guerra e crimes contra humanidade cometidos contra civis sudaneses não armados”, lê-se no comunicado.

Para o povo sudanês, o documento frisou que “doravante está claro que uma conspiração está a ser movida contra a pátria por forças determinadas a apoderar-se dos nossos recursos, a deslocar o nosso povo e trocá-lo contra exércitos estrangeiros.”

O que se passa no Sudão, em particular na cidade de Al Fashir, não só um ataque levada a cabo pela milícia Janjaweed, mas uma tentativa calculada de derrubar o Estado sudanês, por meio de alianças que transformam a guerra em mercadorias e fazem do povo a sua vítima", sublinjou o coronel Ahmed Hussein Mustafa, porta-voz oficial das Forças Conjunntas dos Movimentos de Luta Armada, citado no comunicado.

-0- PANA MO/MA/BAI/IS/SOC/DD 04agosto2025