Agência Panafricana de Notícias

Manifestações contra carestia da vida e desemprego na Tunísia

Tripoli, Líbia (PANA) - Os movimentos de protesto contra as condições de vida difícies na Tunísia, iniciados na cidade de Sidi Bouzid (centro), continuaram pelo 12º dia consecutivo com o alargamento das marchas e das reivindicações sociais em várias outras cidades do norte, do sul e do centro do país.

As manifestações de protesto atingem agora várias regiões, das quais Sfaz, Kairouan, Sousse, Médenine, Le Kef, Kasserine e Gafsa, em solidariedade com as organizadas em Sidi Bouzid.

Os manifestantes reclamam igualmente pelo direito ao trabalho e ao desenvolvimento das regiões do país.

As marchas de protesto foram caraterizadas por um tom pacífico contrariamente ao que ocorreu em Sidi Bouzid e nos seus arredores, que conheceram há alguns dias confrontos sangrentos com as forças da ordem que mataram um manifestante e feriram vários outros.

Centenas de sindicalistas e cidadãos pronunciando slogans contra a carestia da vida e o desemprego participaram ntas marchas nas principais artérias das cidadas afetadas, pedindo a criação de empregos para os diplomados universitários e denunciando a « corrupção e o recurso das autoridades aos métodos de segurança para lidar com os manifestantes ».

A primeira chama das manifestações foi acesa pela tentativa dum jovem desempregado diplomado universitário, Mohamed Bouazizi, de se suicidar em protesto contra « as más condições de vida e o desemprego ».

Face à agravação da crise e ao alargamento dos protestos, o Presidente Zine El Abidine Ben Ali, deu, segundo a Agência Tunisina de Notícias (TAP), instruções para o lançamento dum primeiro lote de projetos dum custo de 15 milhões de dólares americanos para criar mais empregos na região de Sidi Bouzid, além da assinatura dum contrato para a entrega de 360 autorizações de projetos com financiamento governamental em benefício dos jovens, nomeadamente os diplomados do ensino superior.

O Governo tunisino tomou igualmente a iniciativa, desde o desencadeamento dos protestos, de anunciar sucessivamente vários novos projetos e planos de desenvolvimento em numerosas regiões cujas condições económicas são frágeis como as de Kasserine, Kef e Jendouba, para tentar conter a vaga de fúria crescente e impedí-la de se propagar mais.

Além disso, os médias tunisinos mantiveram-se silenciosos durante estes eventos, tal como a cadeia pública « Tunis 7 », que se limitou nos seus boletins de informação a ler comunicados breves relatados pela agência TAP, citando fontes do Ministério do Interior ou outras, enquanto as três outras televisões, designadamente a « Canal 21 », televisão pública para jovens, a « Hannibl » e a « Nesma », duas cadeias privadas, continuaram as suas emissões de maneira ordinária sem se referir aos eventos.

A Tunis qualificou os eventos de Sidi Bouzid « de ato individual isolado » relacionados com as leis da municipalidade que foram desrespeitadas pelo jovem Mohamed Bouazizi que tentou suicidar-se e que está atualmente em tratamento num hospital de Túnis.

Face a este silêncio da imprensa audiovisual pública tunisina, a imprensa escrita foi relativamente mais audaciosa.



O jornal independente Al-Sabah relatou o testemunho de algumas pessoas da região para concluir que a zona atormentada sofria de desemprego, dum défice de desenvolvimento, da ausência de meios de divertimento e de obstrução de horizonte e de perspetivas.

A Assembleia Nacional tunisina e os partidos de oposição criticaram a cobertura mediática internacional dos protestos relativos às condições de vida e ao desemprego e consideram que ela « visava manchar a reputação do país e induzir em erro para semear a desordem e as dissensões ».

O fenómeno do desemprego dos diplomados universitários na Tunísia tornou-se um dos maiores desafios do Governo tunisino, que trabalha para mobilizar os seus esforços para criar oportunidades de trabalho nesta parte que representa um quinto dos requerentes de empregos cujo número atingiu, segundo as estatísticas oficiais, 500 mil pessoas.

As estatísticas oficiais indicam que a situação não vai melhorar-se em breve visto que o número de diplomados aumentou para atingir 800 mil anualmente, enquanto este dado quase não ultrapassava 40 mil nos últimos cinco anos.

O Presidente Zine El Abidine Ben Ali prometeu em 2009 criar 415 mil novas oportunidades de empregos daqui a 2014 e fazer baixar a taxa de desemprego que é atualmente de 14 porcento.

Os protestos que atormentam atualmente a Tunísia causaram até agora um morto em Menzel Bouzaïne, em Sidi Bouzid, e dezenas de feridos no termo dos confrontos com as forças da ordem e a Polícia.

-0- PANA BY/FA/JSG/MAR/TON 29Dez2010