Agência Panafricana de Notícias

Mali denuncia "relatório injusto" da ONU contra si

Bamako, Mali (PANA) - O Governo maliano denunciou, esta segunda-feira, com "veemência", um "relatório injusto baseado numa narração fictícia contrária às normas internacionais" sobre os eventos ocorridos em Moura, no centro do Mali, soube a PANA de fonte oficial.

Paralelamente, o Governo maliano anunciou a abertura de uma ação judicial contra a Missão de Estabelecimento dos factos da Organização das Nações Unidas e seus cúmplices por "espionagem, atentado contra a segurança externa do Estado e Conspiração Militar."

O Governo Maliano alude a um relatório publicado a 12 de maio corrente e que cita o alto comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos como tendo acusado o Excército maliano e o pessoal militar estrangeiro de terem matado mais de 500 pessoas em Moura, durante uma operação realizado em março de 2022.

É mencionado no mesmo documento que instrutores russos, qualificados de "nercenários de Wagner", estão atualmente no Mali para ajudar o país a lutar contra o terrorismo, segundo autoridades malianas.

Num comunicado publicado sábado último, autoridades malianas, contradizendo, indicaram que, depois de uma missão aerotransportada bem-sucedida, realizada por "valentes Forças Armadas Malianas (FAMAs) em Moura, a pedido do Governo, a justiça militar abriu um inquérito judicial para elucidar eventuais casos de violação dos direitos humanos."

A 9 de abril de 2022, recorda o Governo maliano, um relatório judicial de constatação foi elaborado pela procuradoria de Mopti, no centro do país.

Os primeiros elementos do inquérito referenciado neste documento avançam a hipótese de "um confronto de que resultaram mortes por projéteis, na sua maioria adultos do sexo masculino."

Tendo em conta esta constatação, lê-se no comunicado, é útil interrogar-se sobre a oportunidade desta publicação (da ONU), "se não é para perturbar a tranquilidade dos malianos na véspera de um escrutínio referendário de um importância capital para o processo de refundação em curso."

O Governo maliano diz ter examinado a metodologia que norteou a redação do relatório em causa e sabido com estupor que a Missão de Estabelecimento dos Factos utilizou satélites em cima de Moura para obter imagens.

"Em nenhum momento, nem a MINUSMA (Missão das Nações Unidas de Asseguramento do Mali), muito menos o Alto Comissariado das Naçõesd Unidas para os Direitos Humanos formulara um pedido de autorização  às auridades competentes malianas para tomarem imagens de Moura através de satélites, indignou-se o Governo maliano.

A seu ver, quando utilizou satélites para ober imagens sem autorização, sem que as autoridades malianas o soubessem, a Missão de Estabelecimento dos Factos efetuou "uma manobra clandestina contra a segurança nacional do Mali."

Por conseguibnte, o Governo maliano decide abrir imediamente uma ação judicial contra a Missão de Estabelecimento dos Factos e seus cúmplices por "espionagem, atentado contra a segurança externa do Estado e conspiração militar."

Também sustenta que "esta atitude da Missão se  assemelha a um caso de espionagem da junta francesa que tinha colocado ilegalmente um drone em cima da base de Gossi, a 20 de abril de 2022, para filmar  cadáveres humanos, minuciosamente predispostos, com o fito de acusar as FAMAs."

"Até ao momento, a reunião especial pedida pelo nosso país para apresentar as provas da falsidade da junta francesa ficou sem seguimento. Então, num espírito de coerência e a fim de evitar a política de dois pesos e duas medidas, o Governo considera que o seguimento dado ao presente relatório não pode ser examinado separadamente da queixa formulada pelo Mali diante do Conselho de Segurança (das Nações Unidas) contra a junta francesa", frisou o comunicado.

-0- PANA GT/JSG/DD 15maio2023