Agência Panafricana de Notícias

Lançado projeto piloto de tratamento de epilepsia nos Camarões

Yaoundé, Camarão (PANA) – Um projeto piloto de tratamento da epilepsia acaba de ser lançado em Ntui, a 100 quilómetros de Yaoundé, a capital do país, uma das localidades endémicas desta doença e onde certas familias têm cada mais de cinco pessoas afetadas, soube a PANA quinta-feira de fonte oficial.

O lançamento deste projeto piloto decorreu no quadro de um encontro dedicado à uma troca de opiniões sobre a epilepsia presidido pelo secretário de Estado para a Saude, Alioum Ayatou.

Segundo Samuel Elong Ngono, neurólogo, a epilepsia é uma doença não contagiosa que se cura completamente, mas estão em curso estudos para verificar a sua tranmissão através de filiárias.

Ele estabeleceu depois a diferença entre as epilepsias sintómaticas, causadas pelas doenças conhecidas como a meningite, aos filiárias, as otites, a infeção do cérebro a bilharziose e a desidratação, e as de origem genética de que só se curam formas simples durante 18 meses a dois anos , ao passo que as formas complexas ou lesionárias se curam depois de dois a quatro anos de tratamento.

Mas o tratamento desta doença continua fortemente enfraquecido por crenças tradicionais, segundo a irmã Martine Zébé, religiosa e responsável do centro de saúde católico de Ntui que aloja cerca de 500 doentes há um mês.

"Isso não nós facilita a tarefa porque estamos ameaçados diariamente por pessoas que nós dizem que a doença está ligada à feitiçaria. De repente, alguns patientes abandonam o tratamento e recomeçam a ter crises seguidas", lamentou a religiosa que aponta o dedo acusador à elite e às autoridades tradicionais opostas à assistência hospitalar dos doentes.

A direção da luta contra a doença estima em cinco milhões e 81 mil e 448 o numero de epilépticos somente em seis distritos de saúde, dos quais Ntui, para uma população estimada em três miliões de almas entre as quais crianças e jovens que constituem a força economica dessas localidades.

Desde 3 de março de 2009, os Camarões assinaram um acordo com laboratórios Saonofi Aventis avaliado em 650 milhões de francos CFA (um milhão 401 mil 699 dólares americanos) destinados à assistência dos doentes da epilepsia nas zonas de fortes endemias, como a região do centro.

Mãe de duas filhas epilépticas e presidente duma associação de luta pelo apoio aos doentes, Alphonsine Abana pensa que o sucesso do projeto piloto de tratamento desta patologia passa essencialmente pela sensibilização das comunidades às causas racionais da doença

-0- PANA ENG/DIM/DD 14julho 2011