Agência Panafricana de Notícias

Kadafi indignado pela ausência de países ricos da cimeira da FAO

Roma- Itália (PANA) -- O líder líbio, Muamar Kadafi, presidente em exercício da União Africana (UA), exprimiu a sua decepção pela ausência dos países ricos da cimeira sobre a segurança alimentar mundial aberta na capital italiana, Roma.
Segundo Kadafi, essa ausência configura "uma mensagem clara de que eles (países ricos) decidiram não contribuir para a resolução do problema da segurança alimentar mundial.
Numa declaração pronunciada segunda-eira em Roma, durante a cerimónia de abertura da conferência organizada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Kadafi observou que este encontro "visa mobilizar potencialidades, ajudas e políticas para assistir os pobres".
"Neste momento em que falo, várias crianças, infelizmente, perecem em países do Terceiro Mundo, nomeadamente de África que represento na minha qualidade de presidente da UAm bem como nos da Ásia e na América Latina", disse diante de mais de 60 chefes de Estado e de Governo de diversos países do mundo.
Sublinhou a importância e a necessidade de se encontrar as formas de desembaraçar o mundo da ameaça do espectro da fome e apelou para a compensação das populações cujas riquezas foram pilhadas durante a colonização europeia, o que "não seria por mendicidade mas para repor os seus direitos explorados pelos que saquearam as suas riquezas.
Ele acrescentou que os países que pilharam as riquezas das populações colonizadas investem os fundos obtidos no fabrico de armas para prosseguir os massacres, e interrorgou-se por que os mesmos países não abandonam a corrida aos armamentos e às armas nucleares enquanto programas que ameaçam a humanidade.
"Por que não seguem o exemplo da Líbia que abandonou o seu programa de fabrico da bomba atómica e mobilizam a totalidade do dinheiro gasto ou parte deste para lutar contra a pobreza?", questionou.
O presidente da UA indicou que os países ricos acusam hoje uma "hipocrisia flagrante, ao exprimir a sua compaixão e parecendo chorar pelos pobres enquanto gastam triliões de dólares americanos em armamentos e para os seus arsenais nucleares.
Muamar Kadafi debruçou-se igualmente sobre a questão das sementes que empresas "internacionais diabólicas" começam a monopolizar com o objectivo de controlar os alimentos do mundo, pelo que defendeu a necessidade de quebrar este monopólio das sementes melhoradas e não das geneticamente modificadas que são rejeitadas.
Ele convidou a FAO a criar bancos para as sementes locais em todos os países e em toda a região e a melhorar estas sementes locais para evitar uma catástrofe futura que consista no controlo de alimentos pelas empresas capitalistas que vão estender as suas actividades, depois das sementes, às arvores e aos animais cujas espécies seriam igualmente monopolizadas.
Kadafi voltou a advertir contra o perigo que pesa sobre o Lago Tchad que está a passar por "uma situação drámatica", e exprimiu os seus agradecimentos pelos esforços feitos para responder ao seu apelo sobre a grave questão ecológica e ambiental do rio Ural, na Ásia Central, que começa a conhecer uma certa melhoria.
Ele lembrou a sua advertência expressa durante a Cimeira do G8 (Grupo das oito nações mais industrializadas do mundo) a respeito do Lago Tchad e da barragem de Inga na República Democrática do Congo, afirmando que, se o mundo deseja ajudar África, devia ajudá-lo a executar estes dois projectos.
A barragem de Inga poderá produzir uma quantidade de electricidade para satisfazer as necessidades de África e exportar o excedente, disse, notando que esta energia poderá será explorada na agricultura e contribuir para reduzir a crise alimentar.
O presidente da União Africana evocou ainda os procedimentos de preservação dos rios como meios para salvar o Lago Tchad e a sua alimentação a partir dos rios da República Centroafricana e do Congo através dos rios Ogoun e Chari.
"Se o mundo está pronto, ele deve ajudar a executar este projecto bem como um outro projecto denominado Bacias Secas do rio Senegal que deve cobrir as margens mauritanas e senegalesas para prevenir qualquer litígio sobre a exploração destas águas", disse.