Agência Panafricana de Notícias

Julgamento de Thomas Sankara suspenso por duas semanas no Burkina Faso

Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - O julgamento sobre o assassinato do ex-Presidente burkinabe, Thomas Sankara, e de 12 dos seus companheiros em 1987, foi suspenso depois de se iniciar segunda-feira última em Ouagadougou, depois de 34 anos de instrução do processo, para retomar a 25 de outubro co corrente, a pedido de advogados da defesa do caso, soube a PANA de fonte oficial.

Os advogados de defesa explicaram que foi no final de setembro último que tiveram conhecimento deste processo de 20.000 páginas.

A 15 de outubro de 1987, o então capitão Thomas Sankara, Presidente do Burkina Faso, foi assassinado junto com outras 12 pessoas em Ouagadougou, num golpe de Estado que levou ao poder o seu então irmão de armas, Blaise Compaoré.

Durante o regime de Compaoré, o processo não evoluiu, e a queixa relativa ao caso Thomas Sankara e aos seus companheiros foi apresentada em 1997, ainda sob o então regime mas ela foi declarada improcedente.

Graças à revolta popular que expulsou Compaoré do poder, em outubro de 2014, o sistema de justiça burkinabe mudou de atitude, começando por exumar os corpos das vítimas e realizar testes de DNA.

A Justiça burkinabe acusou 14 pessoas, incluindo Blaise Compaoré e o seu então braço direito, Gilbert Dienderé, que já cumpre uma pena de 20 anos de prisão por causa do golpe de Estado fracassado de setembro de 2015.

Atualmente, Compaoré vive exilado na Côte d'Ivoire, onde obteve a nacionalidade ivoiriense, o que dificulta a sua extradição, apesar de um mandado de prisão internacional emitido pelo Burkina Faso.

 O ex-Presidente Blaise Compaoré e Hyacinthe Kafando, ausentes, têm dez dias para comparecerem.

O general Gilbert Dienderé, braço direito de Blaise Compaoré na altura dos factos, está presente nesta primeira jornada de audiência.

Mariame Sankara, viúva de Thomas Sankara, chegou domingo último à noite a Ouagadougou para participar neste julgamento.

Lamentou a ausência de Blaise Compaoré neste julgamento, sublinhando que “o homem não deve ter medo de assumir a responsabilidade pelo que fez” e que Blaise Compaoré “deve vir e responder.”

“Queremos que a justiça seja feita. Queremos a verdade. A justiça tem elementos suficientes para ir até ao fim deste julgamento, senão é triste”, indignou-se.

O processo submetido pela Procuradoria a diferentes  partes tem 20.000 páginas.

 -0- PANA TNDD/IS/MAR/DD 11outubro2021