Agência Panafricana de Notícias

José Maria Neves toma posse como quinto Presidente de Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – O novo Presidente de Cabo verde, José Maria Neves,  foi empossado terça-feira, como o quinto Presidente da República do país perante a Assembleia Nacional (Parlamento), reunida em sessão especial de investidura, constatou a PANA, na capital cabo-verdiana.

O ato de posse do novo chefe do Estado cabo-verdiano, vencedor da eleições presidências de 17 de outubro último em Cabo Verde,  decorreu na presença de delegações e representantes  de governos de vários países e dos Presidentes das Repúblicas de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, de Angola, João Lourenço, da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, do Gana, Nana Akufo-Addo, e do Senegal, Macky Sall.

Marcaram ainda presença na cerimónia o Vice-Presidente do Brasil, o general Hamilton Mourão, o secretário do Trabalho dos Estados Unidos da América, Marty Walsh, a ministra para a Igualdade de Género, Diversidade e Igualdade de Oportunidades de França, Elisabeth Moreno, o presidente da Câmara dos Deputados da Guiné-Equatorial, Mohaba Messu, o presidente da Assembleia de São Tomé e Príncipe, Delfim Neves, o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, e o presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Jean Claude Kassi Brou.

No discurso pronunciado após prestar juramento, em que alternou o crioulo cabo-verdiano e o português, língua oficial do país, para se dirigir à nação, o novo Presidente da República de Cabo verde agradeceu ao seu povo pela confiança depositada na sua pessoa e prometeu assumir o cargo com “profunda humildade e grande sentido de compromisso."

“Quero apresentar ao povo de Cabo Verde o meu grande reconhecimento tanto no país como na diáspora pela extraordinária jornada democrática que junto fizemos durante os dias de intenso campanha eleitoral”, afirmou.

José Maria Neves disse que os Cabo-verdianos deram prova de “uma grande maturidade e de uma forte assunção da democracia nos valores, nas regras e nas práticas” que a caracterizam.

O novo chefe do Estado cabo-verdiano destacou, na ocasião, o desafio da reconstrução do país no “ciclo doloroso” do pós-pandemia como a “grande prioridade nacional.”

“Trata-se de uma tarefa ingente e que exige a convocação de toda a nação global cabo-verdiana. Este é o tempo de cerrar fileiras e todos, juntos, dar o melhor de nós para o progresso da nossa terra e o bem-estar de todos, a começar pelos que têm sido directa e desproporcionalmente mais atingidos em virtude do círculo de fragilidade”, precisou.

Na sua intervenção de investidura,  o empossado Presidente da República não se esqueceu da comunidade emigrada para fora do arquipélago, sublinhando que Cabo Verde tem de construir uma relação “mais eficaz e enriquecedora” com a sua diáspora, no sentido de aproveitar os talentos ali existentes.

“Temos de fechar o ciclo das remessas financeiras e investimentos circunscritos que, mais do que isso, aposte em capitais e activos valiosos nos nossos dias. Falo de remessas de ideias, remessas espirituais, remessas de competências e capacidades de entre as muitas e altamente qualificadas que existem nas nossas comunidades emigradas”, acentuou.

Para José Maria Neves, trata-se de um “contributo auspicioso” para, por exemplo, acelerar passos em domínios que garantam o futuro da nação e melhorar a capacidade de resposta da Administração Pública, sobretudo em valências carentes de um verdadeiro choque tecnológico e de parâmetros elevados de qualidade. 

“Tal é o caso da saúde ou os casos da educação, ciência ou inovação digital (…)”, apontou.

O novo chefe do Estado reiterou que vai ser "um presidente sempre preocupado com as pessoas” e que promove e defende as liberdades fundamentais de todos.

“Sou um presidente que une, que cuida e protege, um presidente positivo e empenhado em levantar a alma e o espírito da nação. Estarei atento às reivindicações e aspirações dos Cabo-verdianos”, declarou José Maria Neves.

Garantiu que exercerá uma magistratura com base no diálogo, através de consultas aos órgãos de soberania, às autoridades centrais e locais, partidos políticos, patrões, sindicatos, igrejas e toda a sociedade civil.

“Ouvirei atentamente e atuarei de acordo com os instrumentos e mecanismos que estarão ao meu alcance, designadamente através da promoção de ações como ‘Presidente Ilha’ e ‘Presidente Diáspora’, como espaço de diálogo e de busca de soluções para os problemas prementes do país em cada momento”, disse, garantindo que será “o ouvidor-geral da República”.

Num discurso em que mesclou o crioulo e o português, José Maria Neves prometeu estar na linha da frente do combate para a oficialização do crioulo.

Afirmou que a língua materna é a competente da cultura cabo-verdiana que mais e melhor sintetiza e traduz a gesta heróica identidade cultural cabo-verdiana.

“Enquanto Presidente da República vou estar na primeira linha do combate pela oficialização do nosso crioulo, com base em todas as variantes, pois que são as marcas da sua riqueza e força como língua deste povo disperso por várias ilhas”, sustentou.

“Farei sempre o meu melhor com todas as minhas capacidade e energias”, sintetizou, no final do seu discurso.

José Maria Neves, de 61 anos de idade, foi eleito Presidente da República na primeira volta das eleições presidenciais, realizadas a 17 de outubro de 2021, com 95.974 votos, o equivalente a 51,75 por cento do total dos votos. 

O ex-primeiro-ministro (2001 -2016) torna-se, assim, no quinto Presidente da República de Cabo Verde, depois de Aristides Pereira (1975 a 1991), António Monteiro (1991 a 2001), Pedro Pires (2001 a 2011) e Jorge Carlos Fonseca (2011-2021). 

-0- PANA CS/DD 09nov2021