Agência Panafricana de Notícias

João Lourenço defende financiamento do destino de África por ela própria

Luanda, Angola (PANA) - O Presidente da União Africana, João Lourenço, defendeu, este sábado, em Joanesburgo, na África do Sul, a “necessidade de África envidar esforços para financiar o seu próprio destino.”

"Temos vindo a dar passos decisivos para a criação das Instituições Financeiras da União Africana", referiu o Presidente da República de Angola, na primeira sessão da Cimeira do G20,

João Lourenço destacou, também, que o continente vive um momento estratégico, com a sua integração no G20 a reforçar a necessidade de uma nova abordagem ao desenvolvimento, ao financiamento e ao comércio internacional.

“Hoje, África encontra-se no centro dos esforços geopolíticos, económicos e sociais. E a sua integração no G20 colocou o continente numa posição de destaque no âmbito do multilateralism”, regozijou-se.

Afirmou que as atuais dinâmicas económicas e sociais globais, bem como a necessidade da implementação tanto da Agenda 2063 da União Africana como da Agenda 2030 das Nações Unidas, impõem o fortalecimento do diálogo sobre o crescimento económico inclusivo e sustentável no âmbito dos quadros globais existentes.

"Atualmente, África está a implementar uma estratégia macroeconómica proativa no continente", sublinhou João Lourenço, sublinhando a importância de haver uma sensibilização coordenada para a mobilização de recursos internos. 

A seu ver, isto constitui o alicerce da “nossa resiliência”, sendo crucial para a reconstrução do espaço orçamental reduzir-se as dependências externas, sobretudo num contexto marcado por um acentuado declínio da ajuda pública ao desenvolvimento.

“Devemos envidar esforços para financiar o nosso próprio destino. Neste capítulo, temos vindo a dar passos decisivos para a criação das instituições financeiras da União Africana”, congratulou-se.

Disse também que África está a acelerar a transformação e a diversificação económicas, protegendo, assim, as suas rotas de desenvolvimento perante os choques externos.

Simultaneamente, continou, “estamos a concretizar a Zona de Comércio Livre Continental Africana, uma contribuição de África para a economia global. O que permitirá gerar um crescimento resiliente e inclusivo, criando um mercado de 3,4 triliões de dólares americanos, proporcionando a diversificação vital necessária para a estabilização das cadeias de abastecimento globais."

João Lourenço exortou ao G20 a encarar esta iniciativa não apenas como um projeto africano, mas como uma contribuição essencial para a estabilidade do comércio mundial.

Frisou o peso da dívida e o acesso desigual ao financiamento como os maiores entraves ao progresso africano, defendendo, por isso, a modernização urgente da arquitetura financeira internacional.

Neste sentido, destacou o papel transformador da Zona do Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), considerando-a "uma das maiores contribuições de África para a economia global.”

Na sua ótica, a integração económica continental pode estabilizar cadeias de abastecimento e promover um crescimento inclusivo.

Por isso, pediu aos líderes do G20 que olhem para a ZCLCA não como um projeto africano, mas como uma solução estratégica para a economia mundial.

-9- PANA JA/DD 22dezembro2025