Agência Panafricana de Notícias

Hungria disponibiliza 35 milhões de euros a Cabo Verde para mobilização de água

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo de Cabo Verde vai assinar com a Hungria um acordo de 35 milhões de euros para financiar projetos de mobilização da água, através da dessalinização e reutilização das águas residuais para a agricultura no arquipélago, apurou a PANA, na cidade da Praia, de fonte oficial.

O anúncio deste empréstimo foi feito pelo ministro da Agricultura, Gilberto Silva, aos jornalistas à margem da apresentação do Estudo das Cadeias de Valor da banana, papaia, batata, mandioca e leite e seus derivados, que contou com a assistência técnica da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI).

“A água é o fator limitante principal da agricultura em Cabo Verde, por isso estamos bastante empenhados na diversificação das fontes de mobilização”, disse o governante, precisando que é por isso que o Governo tem estado a falar da “dessalinização das águas salobras e também do tratamento adequado para a reutilização segura na agricultura de águas residuais que nós temos em Cabo Verde”.

Segundo Gilberto Silva, a ideia de reutilização de águas residuais foi inspirada em países que também têm escassez de água e que têm estado a desenvolver a agricultura, como é o caso de Israel, onde cerca de 90 porcento das águas residuais são tratadas e reutilizadas na agricultura.

O projeto, explicou o ministro, abrange uma produção muito maior do ponto de vista da água, desde a dessalinização ou tratamento, a sua bombagem para os grandes reservatórios, a sua distribuição para pequenos reservatórios e redistribuição até os cabeçais de rega e ainda apoiar os agricultores no estabelecimento de parcelas agrícolas para que de facto possam produzir.

Sobre o“Estudo das Cadeias de Valor da banana, papaia, batata, mandioca e leite e seus derivados”, Gilberto Silva afirmou que não basta apenas a produção, mas que é necessário financiar-se bem, aumentar a produtividade, mas sobretudo valorizar esses produtos nas suas respetivas cadeias de produção.

Ou seja, é preciso melhorar a questão do transporte, todo o processamento pós-colheita, e valorizar esses produtos no mercado, mediante a devida certificação, sobretudo para mercados exigentes como o mercado do turismo.

“Por isso, é necessário conhecer bem a cadeia de valor de cada um desses produtos. Isto traz vantagens não só para estruturação de todo o trabalho, mas também para os investimentos”, destacou, alertando que o Governo vai ter que desempenhar o seu papel, sendo certo que todo o negócio à volta da produção agrícola a ser desenvolvido em Cabo Verde, vai exigir a colaboração de outros actores, designadamente dos próprios produtores, das famílias, daqueles que o financiam e das instituições ligadas à investigação.

Neste particular, o ministro destacou a importância de fomentar o surgimento e bom funcionamento das cooperativas agrícolas para melhorar a escala e organizar melhor toda a produção.

Isto porque, lembrou, se trata de cadeias de valor, de cadeias de segmentos diferentes que contribuem para “a maior produtividade, o melhor consumo, maior qualidade dos produtos agrícolas e ainda maior contribuição da agricultura não só na segurança alimentar, mas também na economia do país”.

-0- PANA CS/IZ 26jan2019