Agência Panafricana de Notícias

Human Rights Watch exige eleições livres no Malawi

Joanesburgo, África do Sul (PANA) – A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HR) exortou as autoridades do Malawi a garantir a organização de eleições livres e justas, no quadro da segunda volta das presidenciais, neste contexto de pandemia.

Prevista para 02 de julho próximo, a segunda volta oporá o Presidente Peter do Partido Democrático Progessivo (DPP), no poder, a Lazarus Chakwera, apoiado pela coligação da oposição, integrada por pelo Partido do Congrosso Malawiano e pelo Movimento de Transformação Unida.

A 8 de maio último, o Tribunal Supremo confirmou a decisão do Tribunal Constitucional de anular a vitória apertada do Presidente Mutharika durante as eleições de maio de 2019, invocando graves irregularidades e exigiu a organização de novas eleições em 150 dias.

A Human Rights Watch declara,  num comunicado divulgado quarta-feira que, desde maio,  aumentou a violência de caráter política, no país, contra políticos da oposição, ativistas de direitos humanos e jornalistas, sem que ninguém entre os supostos autores seja preso.

"As autoridades do Malawi devem imediatamente desenvolver processos que vão garantir a organização de eleições livres, seguras e justas”, declarou Dewa Mavhinga, diretor da HRW para a  África Austral, pedindo ainda medidas para proteger os cidadãos contra a violência e perseguir os responsáveis.

A organização de defesa dos direitos humanos nota que a campanha da segunda volta decorre num contexto marcado pela pandemia da covid-19, com 284 casos confirmados até 01 de junho.

Mas, o Governo diz que a presença do vírus não vai impedir a organização das eleições.

A 24 de maio passado, os bispos católicos, no Malawi, divulgaram uma carta pastoral coletiva na qual abordam oito assuntos de preocupação para o país, nomeadamente « o aumento dos atos de violência política », que condenaram « com a última energia ».

A Human Rights Watch indica que, a 29 de maio, o cortejo de campanha do Vice-Presidente, Saulos Chilima, que rompeu com  o Presidente Mutharika e se aliou ao candidato de Chakwera, foi acolhido com arremesso de pedras, em Phalombe, a região de origem de Mutharika, no sul do país.

Segundo o comunicado, Zodiak, um órgão de imprensa privado, relatou que vários jornalistas que viajavam no autocarro da imprensa que acompanhava a campanha de Chilima ficaram feridos.

A Coaligação dos Defensores de Direitos Humanos do Malawi (HRDC) indica que, durante a última semana de maio, 12 supostos militantes do partido no poder agrediram fisicamente o seu líder, Timothy Mtambo, em Blantyre, a segunda cidade do Malawi.

O seu serviço de segurança oficial deteve os assaltantes e entregou-os à Polícia, que os teria rapidamente libertado sem que nenhuma acusação fosse formulada contra eles.

"As autoridades do Malawi devem respeitar a sua obrigação de garantir os direitos de todos os Malawianos elegíveis de votar no quadro das eleições livres e justas”, disse Mavhinga, que acrescentou que “a violência política deve cessar para garantir um ambiente favorável a um voto credível”.

-0- PANA MA/NFB/JSG/MAR/IZ 03junho2020