Agência Panafricana de Notícias

Guiné-Bissau está encalhada, diz candidato às presidenciais

Ziguinchor, Senegal (PANA) - Um candidato às eleições presidenciais de 24 de novembro próximo na Guiné-Bissau declarou terça-feira, em Bissau, que o país está de joelhos e que  está preocupado com a situação atual.

Trata-se do ex-primeiro-ministro bissau-guineense, Umaro Sissoco Embalo (de novembro a dezembro de 2016), apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática na Guiné-Bissau (MADEM), e que se manifesta preocupado com a atual situação do país.

Embalo fez esta declaração durante uma entrevista à imprensa, quando regressava duma viagem por fora do país, durante várias semanas.

"Uma coisa que sei, é que a Guiné-Bissau está atualmente encalhada, a nossa soberania e a nossa dignidade já não existem. A única pessoa que não tem nenhum engajamento para com quem quer que seja e que pode falar a qualquer outro homem de Estado na Guiné- Bissau sem engajamento, é Umaro Sissoco Embalo”, indicou.

O ex-primeiro-ministro  sublinhou que está preocupado por aquilo que chama de "uma espécie de invasão a que a Guiné-Bissau faria face".

Porém, ele disse ter confiança nos seus compatriotas que, finalmente, serão os únicos tomar um rumo no termo das eleições presidenciais.

Na sua intervenção, Embalo criticou violentamente o candidato do PAIGC, acusando-o de ser a causa de todos os males do país.

Quanto ao atual Presidente da República, José Mário Vaz, atualmente objeto de várias críticas depois da dissolução do Governo liderado pelo ex-primeiro-ministro, Aristides Gomes, substituído por Faustino Fudut Imbali, do Partido Renovação Democrática (PRD), do falecido Presidente da República, Kumba Yala.

Por outro lado, o candido do MADEM lançou críticas acerbas contra o embaixador dos Estados Unidos na Guiné Bissau, Tulinanbo Mushingi, devido à sua atitude crítica relativamente à recente disssolução do Governo pelo Presidente José Mário Vaz.

De facto, o embaixador americano indicou, num comunicado divulgado, que a comunidade internacional não via nenhuma razão de mudar o Governo a 20 dias das eleições presidenciais.

Vilipendiou a missão ministerial da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que havia visitado Bissau no último fim de semana para avaliar a situação política do país.

Segundo o diplomata americano, esta missão foi parcial por não se ter reunido com todas as partes em conflito, limitando-se a reconciliar reconciliar o Presidente Vaz e o PAIGC (Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde) divididos sobre a demissão de Aristides Gomes.

Mas nenhuma solução de apaziguamento foi encontrada no termo desta missão, assinala-se.

Interrogado sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, atribuído ao primeiro-ministro demitido, Umaro Sissoco Embalo, frisou que este último "não é um golpista, nem traficante de droga".

A Guiné-Bissau atravessa um período de fortes tensões políticas, com dois Governos e dois primeiros-ministros, Aristides Gomes, que não quer largar, e Faustino Imbali.

O Presidente da República jurou a 31 de outubro, diante do novo Govern, ter nomeado depois de ter demitido o gabinete então dirigido por Aristides Gomes, a 28 do mesmo mês, candidato do PAIGC, vencedor das legislativas de março último.

Apesar de sofrer uma forte pressão, quer do lado do PAIGC quer dos seus aliados, ou da comunidade internacional, que lhe instam a ponderar a sua decisão, Mários Vaz declarou domingo último que a sua decisão "é irreversível".

Mesmo a ameaça de sanções feitas, segunda-feira última, pelo Conselho de Segurança das Nações Undias contra todos aqueles que  minassem a estabilidade da Guiné-Bissau, incluindo o próprio Presidente da República, este último continua impassível.

O chefe do Estado convocou uma reunião do Conselho Supremo de Defesa, mas a sua conclusão não foi divulgada no termo deste encontro.

Desde 2012, uma força de intervenção da CEDEAO (Comunidade dos Estados da África Ocidental), que agrupa contingentes de vários países, dos quais o Senegal e a Nigéria,  garante a segurança e a proteção dos detentores de órgãos soberanos bissau-guineenses, nomeadamente o Palácio Presidencial.

Vários observadores pensam que, se apesar de todos os sobressaltos políticos que conheceu a Guiné Bissau, desde 2015, não houve golpes de Estado militares, é graças a presença desta força.

-0- PANA MAD/BEH/MAR/DD 07nov2019