Agência Panafricana de Notícias

Guiné Bissau confrontada com desafios pós-eleitorais, diz ONU

Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) – Os diferendos políticos poderão atrasar a primeira transferência pacífica de poder para um Presidente democraticamente eleito na Guiné Bissau, declarou no fim de semana ao Conselho de Segurança a responsável das Nações Unidas neste país da África Ocidental.

Segundo um comunicado das Nações Unids, Rosine Sori Coulibaly informou os embaixadores da evolução da situação depois das eleições presidenciais de novembro de 2019, vencidas pela segunda volta pelo ex-general Umaro Sissoco Embalo, antigo primeiro-ministro e candidato do Movimento para a Mudança Democrática (MADEM-G15).

O candidato do partido no poder, Domingos Simões Pereira, igualmente um antigo primeiro-ministro, constestu os resultados que a Comissão Nacional Eleitoral manteve.

O seu partido, o PAIGC, interpôs um recurso junto do Tribunal Supremo para obter uma verificação do processo.

« Por conseguinte, o processo jurídico relativo ao resultado das eleições não foi resolvido, para permitir a primeira transferência  de poder a um chefe de Estado democraticamente eleito no país”, indicou Sori-Coulibaly.

"Contudo, dada a profunda desconfiança entre os dois campos políticos, as divisões no seio do executivo e as alianças políticas mudança no Parlamento, o juramento do futuro Presidente não permitirá provavelmente levar a estabilidade”, acrescentou.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) exortou o Tribunal Supremo a finalizar os seus trabalhos o mais tardar a 15 de fevereiro.

Para a representante da Guiné-Bissau, Maria Antonieta Pinto Lopes D'Alva, “o povo da  Guiné-Bissau merece um desfecho claro e positivo deste processo para que possa ter a luz da esperança para o futuro dos seus filhos”.

"Estamos convencidos de que só eleições livres, equitativas e transparentes vão permitir-nos reforçar o Estado de Direito democrático no nosso país, onde a vontade soberana do povo pode prevalecer”, acrescentou.

Sori-Coulibaly é a Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, mas também chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Guiné Bissau, UNIOGBIS.

O mandato da UNIOGBIS termina este ano, mas vai manter uma presença no país.

A ONU está presente na Guiné-Bissau há duas décadas, onde trabalha para o reforço das instituições nacionais e para a consolidação da paz e da democracia nesta antiga colónia portuguesa, cuja história pós-independente é marcada pelos golpes de Estado e uma instabilidade política.

Para Sori-Coulibaly, o apoio e o engajamento da comunidade internacional são necessários, tendo em conta as divisões políticas.

"O período pós-eleitoral poderá representar uma ocasião de instaurar a estabilidade da paz, a coesão nacional e a reconciliação, se houver a vontade e o engajamento político por parte das partes abrangidas nacionais”, observou.

-0- PANA MA/AR/NFB/JSG/SOC/MAR/IZ 16fev2020