Agência Panafricana de Notícias

Governo sudanês e fração rebelde assinam acordo de paz no Qatar

Cartum, Sudão (PANA) - O Governo sudanês e uma fração do Movimento Justiça e Igualdade (JEM) comprometem-se a cessar imediatamente as hostilidades e realizar negociações de paz, indica um comunicado da Missão Conjunta da ONU e da União Africana em Darfur (MINUAD) e do Estado qatariota.

"Após intensas consultas, as duas partes assinaram uma declaração, terça-feira em que afirmam a sua dedicação ao processo de paz e à cessação imediata das hostilidades. Elas decidiram igualmente retomar as negociações para buscar uma resolução global do conflito com base no Documento de Doha para a Paz em Darfur (DDPD)", lê-se no texto transmitido à PANA em Cartum.

De acordo com o mesmo documento, as duas partes estabeleceram de mútuo acordo um calendário para iniciar negociações após o Aid Al-Adha Al-Moubarak (festa de sacrifício de cordeiro).

A delegação do Governo sudanês, dirigida por Amin Hassan Omer, ministro de Estado junto da Presidência da República e chefe do Gabinente de Acompanhamento da Região de Darfur e a do JEM Sudão, chefiada por Mohammad Ahmed Bachar, presidente interino do seu Conselho Militar, reuniram-se em Doha de 17 a 22 de outubro corrente.

A reunião, a que assistiram igualmente Ahmed Bin Abdullah Al-Mahmoud, vice-primeiro-ministro e ministro de Estado para o Conselho dos Assuntos Ministeriais do Sudão. e Aichatou Mindaoudou S., medianeira em chefe interina da MINUAD, permitiu realizar consultas sobre o processo de paz e discutir os meios para o JEM assinar um acordo de paz com base no DDPD.

Segundo o comunicado, as duas partes concordaram em realizar novas negociações com base no DDPD, o que reduz de modo considerável a tensão antes da festa muçulmana da Tabaski (sacrifício de cordeiro) na região de Darfur (oeste sudanês) dilacerada pela guerra civil.

"A mediação apela aos outros movimentos não signatários deste documento para seguirem o Movimento Justiça e Igualdade juntando-se ao processo de paz, com vista a aliviar os sofrimentos da população de Darfur e restabelecer a paz em todas as partes da mesma região", indica o comunicado.

Ahmed Bachar rompeu com o JEM, de que era o comandante em chefe militar, antes da morte, em dezembro de 2011, do seu fundador Khalil Ibrahim em Darfur durante um confronto com tropas governamentais.

A morte de Ibrahim e a decisão de Ahmed Bachar de romper com o JEM afetaram muito a potência militar e a força política deste movimento, um dos mais importantes de Darfur.

-0- PANA MO/SEG/AKA/JSG/IBA/CJB/DD 23out2102