Agência Panafricana de Notícias

Governo guineense autoriza marcha da oposição

Conakry, Guiné (PANA) – O Governo guineense reconsiderou a sua decisão e autorizou, após a sua proibição, a marcha da oposição prevista para segunda-feira, anunciou um comunicado da Presidência da República, afirmando que as reuniões públicas e os cortejos estão previstos pela Constituição.

O ministro da Administração Territorial e Descentralização (MATD), Alassane Condé, declarou sexta-feira à noite na Televisão Nacional que «a realização da marcha está em contradição com os costumes do país » enlutado pela morte de 11 oficiais e sub-oficiais do Exército, dos quais o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o general Souleymane Kèlèfa, num acidente aéreo ocorrido na Libéria.

Os administradores das comunas de Kaloum, de Matoto e de Matam em Conakry seguiram o mesmo exemplo, alegando que a marcha coincide com o quinto dia da Quaresma cristã, que «merece respeito e consideração ».

Para surpresa geral, o Governo divulgou sábado à noite o comunicado que autoriza a marcha, mas adverte os organizadores contra atos de distúrbio e de violência.

O comunicado foi divulgado na sequência duma reunião presidida pelo chefe do Estado guineense, Alpha Condé, e alargada a vários dos seus ministros.

Antes, os partidos membros da Aliança para a Democracia e Progresso (ADP), do Coletivo para a Finalização da Transição e do Clube dos Republicanos (CDR) declararam que eles não cederão a «nenhuma forma de intimidação no seu combate » para o advento na Guiné "dum Estado que respeita os direitos humanos e os princípios democráticos".

«As declarações do Governo são alegações ilegais », denunciaram os blocos políticos da oposição, que apelam aos seus militantes e simpatizantes, aos opositores e a «todos cidadãos apaixonados pela liberdade e preocupados com o futuro democrático da Guiné» para se associar à sua manifestação.

Os organizadores da marcha pretendem manifestar-se para denunciar «a instalação dum mecanismo de fraude à grande escala » pelo Governo na perspetiva das eleições legislativas previstas para 12 de maio próximo.

Eles pretendem opor-se também à escolha da operadora técnica sul-africana Way Mark e exigem o regresso da francesa Sagem, que estabeleceu as listas eleitorais das presidenciais de 2010, enquanto os poderes públicos denunciam anomalias constadas na sua conceção.

Diversas marchas destes partidos causaram distúrbios e pilhagens de comerciantes, danos em veículos de particulares e vários feridos entre os manifestantes e as forças de ordem.

-0- PANA AC/SSB/IBA/FK/TON 18fev2013