Agência Panafricana de Notícias

Governo critica oposição por celebrar vitória eleitoral na Guiné-Conkary

Conakry, Guiné-Conakry (PANA)  - O Governo guineense exprimiu, esta segunda-feira, a sua "surpresa e  indignação” pelas manifestações de alegria domingo de jovens apoiantes da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG, oposição), em alguns bairros da capital, Conakry, por alegada vitória eleitoral.

Os apoiantes da UFDG consideram como "um dado adquirido" a vitória do seu lídere Mamadou Cellou Dalein Diallo, principal adversário do Presidente cessante, Alpha Condé, nas eleições presidenciais de domingo.

Vários jovens saíram em massa,  domingo à noite, para celebrar a vitória do seu líder, alguns momentos após o fecho das assembleias de voto, e numa altura em que as atas do escrutínio estavam a ser encaminhadas para as comissões de centralização.

Várias testemunhas contactadas pela PANA indicaram que dezenas de jovens, essencialmente menores que não votaram, ergueram barricadas para celebrar  a vitória do seu candidato que acabava de defrontar, pela terceira vez desde 2010, o candidato do partido do Reagrupamento do Povo da Guiné( RPG, Arco-Íris), Alpha Condé.

"Esta estratégia de celebração forçada, prematura e injustificada foi minuciosamente planeada antes do escrutínio por Cellou Dalein Diallo. Ele multiplicou, com efeito, as declarações a anunciar a sua vitória, indo até defender ser impossível que seja derrotado nestas eleições  e que, a acontecer, ele não reconhecerá a sua derrota", lembra o Governo na sua nota, assinada pelo ministro da Segurança e Proteção Civil, Albert Damanta Camara.

Estas declarações foram acompanhadas domingo à tarde, prossegue o comunicado, por montagens áudios em que o candidato da RPG dizia, antes mesmo do início da contagem dos votos, que ele reconhecia a sua derrota e felicitava o candidato da UFDG.

Por fim,  o serviço de comunicação oficial da UFDG  começou a difundir à noite “ resultados falsos e afixar atas falsas fazendo acreditar numa nítida liderança do seu candidato".

O Governo condena "estas práticas ilegais, facilitadas pela cumplicidade de alguns órgãos mediáticos nacionais e estrangeiros”, que violam a Carta dos Partidos  Políticos, as injunções dos parceiros internacionais, as diretivas da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) e a advertência do Governo".

"Elas são claramente destinadas a provocar o caos e pôr em causa os verdadeiros resultados que sairão das urnas. Isso não pode ser e não será aceite”.

De qualquer modo, o Governo garante não se deixar distrair por desta diversão e tranquiliza todos os atores do processo eleitoral que continuará, através dos seus serviços competentes, a assumir as tarefas que lhe incumbem, nomeadamente a segurança do voto e dos seus resultados.

Cerca de cinco milhões de eleitores votaram entre  12 candidatos em liça, dos quais duas mulheres, todas antigas ministras sob o regime do finado Presidente, Lansana Conté.

O Governo, as Nações Unidas, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO),  a União Africana (UA), bem como várias representações diplomáticas advertiram contra estas práticas e os riscos de tensão e violência que elas poderão provocar.

-0- PANA AC/JSG/FK/IZ 19out2020