Agência Panafricana de Notícias

Falência de empresa Thomas Cook suscita receios no meio de turismo em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Operadores turísticos, na ilha do Sal, principal centro turístico de Cabo Verde, manifestam-se  apreensivos quanto a eventuais consequências da  interrupção súbita das operações da empresa de turismo britânico Thomas Cook, responsável por cerca de sete por cento de vinda de turistas ao país, apurou a PANA de fonte segura.

Contactados terça-feira última pela agência cabo-verdiana de noticias (Inforpress), responsáveis de unidades hoteleiras assinalaram que, apesar de as operações da empresa britânica do turismo não terem um peso determinante no mercado cabo-verdiano, no caso concreto da ilha do Sal, alguns operadores dependentes do mercado britânico reconhecem que a “a situação é preocupante, já que é sinónimo de alguma quebra" no negócio.

É o caso do Hotel Da Luz, que trabalha tanto com a Thomas Cook Nórdico como com a Thomas Cook Continental, cujas reservas estão feitas até março de 2020, referiram.

Todavia, conforme um responsável desta unidade hoteleira, inicialmente houve alguma apreensão perante a notícia, mas o hotel já foi informado que esta suspensão não vai afetar o seu negócio, uma vez que tem garantido reservas à esta clientela, representando 40 por cento de ocupação do empreendimento hoteleiro nesta altura do ano.

Um outro operador ligado à área hoteleira considera também que "não há razão para alarme nem alarido, porque a interrupção dos voos da Thomas Cook não tem grande impacto no país".

A fonte precisa que, embora o fluxo possa, num primeiro momento, reduzir um pouco, o mercado poderá “imediatamente” reagir, já que, frisou, os turistas que viajam com a Thomas Cook vão viajar com a TUI ou com outros operadores.

Por outro lado, explica ainda a mesma fonte, que a Thomas Cook é um conglomerado de empresas, e como tal, está dividida em vários países na Europa, nomeadamente Thomas Cook Continental, Thomas Cook Nórdico e a Thomas Cook Grã-Bretanha, sendo este último o lugar onde se deu a falência, daí que o efeito não seja considerado expressivo.

Outros operadores, embora também menos apreensivos, já que o grosso de turistas vem com a operadora TUI, alertam, contudo, para  se manter o Thomas Cook no mercado cabo-verdiano, caso contrário, referem, a TUI, apesar de ter o monopólio, “vai fazer e desfazer”.

Entretanto, o vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, disse, segunda-feira, 23 de setembro, que o Governo espera que a falência do operador turístico britânico Thomas Cook tenha o menor impacto possível no país que, considerou, precisa de diversificar as suas fontes emissoras de turistas.

"Estamos a gerir todo este processo e esperemos que tenha o menor impacto possível na economia cabo-verdiana", disse o ministro das Financas.

Para o governante, a falência do operador britânico é um desafio, mas também poderá vir a ser uma oportunidade, desde que o processo seja bem gerido.

Em relação a Cabo Verde, Olavo Correia disse que o arquipélago deve apostar na competitividade e na diversificação do turismo, nos operadores e nas fontes emissoras de turistas, para que o país possa ser resiliente em relação aos choques em contexto de economia competitiva.

Questionado se a falência do operador britânico vai afetar a meta do Governo de atingir um milhão de turistas em 2021, Olavo Correia respondeu que não, explicando que sai um operador, mas outros podem entrar e há outros que podem compensar o mercado.

"Desde que haja oferta e procura, seguramente que o mercado fará o equilíbrio, mas há um momento de curto prazo que temos que gerir com determinação, com responsabilidade e o Governo está a fazê-lo e espero que o impacto venha a ser o menor possível e consigamos rapidamente garantir um processo de transição, com normalidade e continuemos a fazer aumentar a procura turística por Cabo Verde", finalizou o vice-primeiro-ministro.

Com 26,6 por cento do total das entradas, o Reino Unido foi o principal mercado emissor de turistas para Cabo Verde no segundo trimestre deste ano, seguido de Portugal (12,1 por cento), França (11 por cento), Alemanha (10,9 por cento), Bélgica e Holanda (8,4 por cento).

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), de abril a junho deste ano, o número de turistas em Cabo Verde aumentou sete por cento, face ao mesmo período do ano transato.

Em 2018, entraram no país um total de 765 mil turistas e a meta do Governo é fazer chegar este valor a um milhão por ano até ao final da legislatura, em 2021.

O operador turístico britânico Thomas Cook anunciou hoje falência depois de não ter conseguido encontrar, durante o fim de semana, fundos necessários para garantir a sua sobrevivência e, por isso, entrará em "liquidação imediata", de acordo com um comunicado divulgado no 'site' do grupo.

-0- PANA CS/DD 25set2019