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FAO defende inserção de jovens em programa agrícolas para relançar agricultura

Túnis, Tunísia (PANA) – É fundamental inserir mais jovens Africanos na agricultura e reforçar o apoio aos agricultores familiares vulneráveis da região para melhorar a segurança alimentar e o bem-estar económico nos próximos anos.

Estas declarações foram feitas quinta-feira pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, quando falava durante a Conferência Regional da FAO para África.

Mencionando igualmente a escassez da água, a ausência de investimento e conflitos como obstáculos à segurança alimentar da região, Da Silva disse-se confiante na possibilidade para África "alcançar a paz, a estabilidade e a segurança alimentar" no futuro.

"A taxa de crescimento económico da região é superior à média mundial e a maioria das economias com forte crescimento encontram-se em África", indicou Graziano da Silva aos ministros da Agricultura e aos parceiros durante a reunião que decorre de 24 a 28 de março em Túnis.

"A implicação consiste em traduzir este crescimento em inserção social. A agricultura, o desenvolvimento rural e a juventude serão determinantes para realizar este objetivo", acrescentou.

As relações entre jovens, o setor agro-alimentar e o desenvolvimento rural figuram entre as primeiras das prioridades da agenda da Conferência.

Referiu que África é a mais jovem região do mundo, cuja metade da população tem menos de 25 anos.

"Anualmente, 11 milhões de pessoas entram no mercado do trabalho em África. No entanto, os salários são baixos no setor rural, ao passo que a contribuição do informal é muito elevada. A agricultura é geralmente considerada como pouco atraente para os jovens. A proteção social nem sempre está disponível para os lares rurais em situação difícil", disse.

De acordo com um relatório preparado para a Conferência, o crescimento espetacular notado em alguns países africanos, na última década nem sequer se traduziu pela criação alargada de empregos nem pelos rendimentos para jovens.

A FAO preconiza mais investimentos públicos e privados no setor agroalimentar, nas agroindústrias e nos serviços ligados ao mercado para atrair e guardar os jovens, estimular a criação de empregos e promover um novo impulso do setor agrícola.


Frisou que 2014 celebrava o “Ano Africano da Agricultura e Segurança Alimentar” em paralelo ao Ano Internacional da Agricultura Familiar.

O diretor-geral da FAO convidou os países africanos a "explorarem esta oportunidade para colocar os pequenos agricultores, pescadores, criadores, colhedores de produtos florestais, bem como as comunidades tradicionais e autóctones, no centro da agenda".

"Permitam-me sublinhar que, para alcançarmos a segurança alimentar, temos de associar o aumento duradouro da produção à proteção social para amortecer os choques sofridos pelos mais vulneráveis", disse o DG da FAO precisando que cerca de 90 porcento das famílias rurais africanas se dedicam a atividades ligadas à agricultura.

Da Silva indicou que a região tinha tomado uma medida importante para relançar a agricultura com a criação do Fundo Africano de Solidariedade.

O Fundo, gerido pela FAO e pela União Africana, é financiado inteiramente pelos Estados africanos e tem em conta as prioridades enunciadas no Programa Detalhado para o Desenvolvimento da Agricultura Africana (PDDAA).

O diretor-geral da FAO deverá igualmente assinar acordos de concessão dos primeiros conjuntos de financiamento para seis países, designadamente a Etiópia, o Malawi, o Mali, o Níger, a República Centroafricana e o Sudão do Sul, para a implementação de programas e planos de ação suscetíveis de beneficiar de uma ajuda a título do Fundo fiduciário.

A FAO ajudou igualmente países a elaborarem propostas para outras fontes de financiamento, nomeadamente o Fundo Mundial para a Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP) de que beneficiaram 15 países africanos e avaliado em mais de 560 milhões de dólares.

O patrão da FAO sublinhou igualmente a importância de parcerias com os Governos, o setor privado e a Sociedade Civil no acesso a serviços financeiros e a outras formas de ajuda aos agricultores.

-0- PANA VAO/NFB/AAS/IBA/CJB/DD 28mar2014