Agência Panafricana de Notícias

Expulsão de migrantes sudaneses ameaça crise política na Bélgica

Bruxelas, Bélgica (PANA) - Uma crise política grave ameaça a Bélgica após a expulsão de migrantes sudaneses que foram alegadamente torturados após desembarcar em Cartum, no (Sudão), de acordo com testemunhas das associações de defesa dos direitos humanos que operam no país.

Bart De Wever, o presidente do N-VA, partido nacionalista maioritário flamengo no Parlamento Federal e na Flandres, ameaça retirar a sua formação política do Governo se Theo Francken, atual ministro do Asilo e Migração, for forçado a renunciar por ter ordenado a expulsão dos migrantes sudaneses.

Estes últimos foram expulsos após um controlo efetuado no Parque Maximiliano, em Bruxelas, por funcionários sudaneses oficialmente convidados para a Bélgica.

Partidos membros da coligação governamental apelidada pelos media de "coligação kamikaze" apresentaram uma moção de desconfiança, a ser votada quinta-feira, sobre a retirada do Governo de Theo Francken.

Dada a gravidade da situação, o primeiro-ministro Charles Miche lançou no Sudão um inquérito independente com a colaboração da União Europeia e da Organização das Nações Unidas (ONU), para determinar se os Sudaneses expulsos foram efetivamente torturados.

Para muitos observadores, não há dúvida que a investigação confirmará os relatórios das associações de defesa dos direitos humanos e, nesse caso, Theo Francken não conseguirá escapar à demissão, o que levará ao colapso do Governo após a saída do N-VA, partido maioritário e xenófobo.

Neste caso, a Bélgica iria mergulhar numa longa crise política, podendo o país tornar-se ingovernável.

"Eleições legislativas antecipadas não mudarão nada à configuração política atual do país. Pelo contrário, todas as pesquisas indicam que o N-VA ganhará uma esmagadora maioria no Parlamento Federal e na Flandres", estimam os mesmos observadores.

Assim, o N-VA alcançará o seu objetivo, com o país a tornar-se ingovernável e exposto a cindir-se em três entidades estatais separadas, entre a República independente da Flandres, a Valónia e a cidade de Bruxelas com o estatuto híbrido de capital de duas nações, Valónia e Flandres.

Com esta nova configuração, estariam criadas as condições para o desaparecimento do reino unitário belga, respondendo assim aos anseios do N-VA.

Ultimamente, os migrantes sudaneses continuam a afluir ao Parque Maximiliano, onde estão centenas de homens, mulheres e crianças a dormir ao ar livre.

Eles recusam-se a pedir asilo político na Bélgica, porque o seu destino final de sonho continua a ser a Inglaterra.

-0- PANA AK/IS/DIM/IZ 10jan2018