Agência Panafricana de Notícias

Exportações cabo-verdianas caem 18 por cento no ano passado

Praia, Cabo Verde (PANA) – Dados do Banco de Cabo Verde (BCV) indicam que as exportações cabo-verdianas voltaram a cair em 2020, mais de 16 por cento, face ao ano anterior, para um montante de 46,2 milhões de euros, apurou a PANA, quarta-feira, de fonte segura,

De acordo com um relatório estatístico do BCV, citado pela imprensa local, as exportações de bens (não inclui receitas com o turismo) totalizaram cinco mil 100 milhões de escudos (46,2 milhões de euros) e, deste volume, mais de quatro mil 133 milhões de escudos (37,4 milhões de euros) foram de produtos do mar, uma queda de 15 por cento, face ao ano de 2019.

As exportações cabo-verdianas de produtos do mar, essencialmente peixe e conservas, (mais de 80 por cento do total) ultrapassaram, em 2019, os 6seis mil 113 milhões de escudos (55,4 milhões de euros), que já então representou uma queda de 13,5 por cento, face aos sete mil 64,5 milhões de escudos (64 milhões de euros) de 2018.

O peixe enlatado representou, em 2020, mais de metade das exportações de bens por Cabo Verde.

Menos de 10 por cento destas exportações são produtos transformados no arquipélago, essencialmente calçado e vestuário.

Segundo dados anteriores do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, a Espanha é o país que mais compra produtos cabo-verdianos, com uma quota superior a 60 por cento, mantendo uma forte atividade na indústria conserveira, essencialmente na ilha de São Vicente.

Ainda de acordo com o BCV, Cabo Verde importou em 2020 o equivalente a quase 170 mil euros por dia em combustíveis, menos 25 por çento face ao ano anterior, quebra explicada pelo confinamento e pela paragem da economia após a pandemia da covid-19.

Conforme o relatório, o país importou de janeiro a dezembro de 2020 pouco mais de 6.793 milhões de escudos (61,5 milhões de euros) em combustíveis de vários tipos, o que representa uma média diária equivalente a 18,5 milhões de escudos (168 mil euros).

De janeiro a dezembro de 2019, ano em que a economia cresceu acima dos cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB), estas importações de combustíveis ascenderam a quase nove mil 69 milhões de escudos (82,2 milhões de euros).

Os dois meses de estado de emergência, em abril e maio, com confinamento generalizado da população e restrições à circulação, e o encerramento do arquipélago a voos internacionais de março a outubro, para conter a transmissão da pandemia de covid-19, explicam a quebra de 25 por cento nestas importações no espaço de um ano.

Trata-se de um recuo para níveis inferiores a 2017, ano em que o país importou sete mil 571 milhões de escudos (68,6 milhões de euros) em combustíveis.

Comentando a situação económica do arquipélago, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, afirmou recentemente que, apesar de acreditar que a introdução da vacinação contra a covid-19 nos mercados emissores de turistas para Cabo Verde transmita "confiança" aos consumidores, a retoma económica será "muito lenta ainda em 2021".

Cerca de 25 por cento do PIB de Cabo Verde depende do turismo, mas o setor está praticamente parado desde meados de março último, com o início da aplicação das medidas restritivas para travar a transmissão da pandemia da covid-19, com o encerramento do arquipélago a ligações aéreas internacionais, que só foram retomadas em outubro em 2020.

A quebra nas receitas fiscais com o turismo, bem como o aumento das despesas do Estado com apoios sociais às empresas e no reforço da saúde, para travar a pandemia, levam o Governo a estimar uma recessão económica superior a 10 por cento em 2020, admitindo um crescimento acima de três por cento do PIB em 2021, dependente da retoma do turismo.

-0- PANA CS/DD 10mar2021