Agência Panafricana de Notícias

Ex-próximo do Presidente condenado a cinco anos de prisão no Tchad

N'Djamena, Tchad (PANA) - Um ex-diretor do Gabinete do Presidente da República do Tchad foi condenado a cinco anos de prisão acrescida de uma multa de um milhão de francos CFA (cerca de dois mil dólares americanos) por “corrupção passiva”, soube a PANA de fonte oficial.

Porém, Idriss Youssouf Boy, foi ilibado das acusações de “tráfico de influência e abuso de poder”, requeridos igualmente pelo procurador, a 9 de maio corrente, disse a fonte´.

No tocante à sua defesa, os advogados reagiram rápido anunciando a sua intenção de apelar da sentença. 

Condenaram o acórdão considerando-o como estando “eivado de irregularidades”.

“Não é pela primeira vez que Idriss Boy é acusado de desvio de fundos ou de corrupção, entre outros crimes. Já no início da transição, quando estava em funções, ele tinha sido acusado de desvio de centenas de mil milhões de da Sociedade dos Hidrocarbonetos do Tchadm mas não houve sequência" comentou um politólogo tchadiano, Ahmat Mahate Hassan.

O próprio Presidente da Transição, Mahamat Idriss Déby, declarou à opinião pública perdoar o senhor Idriss Boy.

Foi como se tratasse dum dinheiro limpo, mesmo se a conceção de poder no Tchad é uma conceção patrimonial. que a comunidade ganhou pelo sacrifício do sangue desde 1990 com a chegada do Presidente Déby Itno, segundo o politólogo. 

Hassan aludia a alegações segundo as quais o réu terá recebido 11,9 mil milhões de francos CFA (cerca de 300 mil dólares americanos) dum empresário identificado como About Hachim Bouder, a fim de lhe garantir mercados estatais.

Porém, prosseguiu, o escândalo eclodiu quando o empresário apresentou uma queixa contra Idriss Boy, acusando-o de “burla”.

Mas no final do processo, o queixoso foi condenado por “corrupção ativa”, com uma pena idêntica de cinco anos de prisão efetiva acrescida de uma multa de um milhão de francos CFA, disse o politólogo.

“De facto, o problema é mais político que judiciário. Idriss Boy é muito próximo do Presidente, antes mesmo de vir a ser Presidente da República, ou seja durante o mandato do pai dele, o marechal Idriss Déby Itno. Estão muito próximos da família presidencial. Mas o regime sacrifica agora os próximos a fim de poder salvar a credibilidade e a imagem do poder”, acrescentou Ahmat Mahate Hassan.

Idriss Youssouf Boy já tinha sido despedido e aprisionado num similar em 2022 pelo chefe do Estado, Mahamat Idriss Déby Itno´.

Este último não tinha hesitado em chamar-lhe atenção publicamente caso reincidisse, numa sua autobiografia intitulada “Do beduíno ao Presidente”, publicada em 2024.

-0- PANA DD 12maio2025