Agência Panafricana de Notícias

Ex-Presidente Cabo-verdiano desloca-se à Tunísia como enviado da UA

Praia, Cabo Verde (PANA) - O antigo chefe de Estado de Cabo Verde, Pedro Pires, encontra-se, desde segunda-feira, na Tunísia, como enviado especial da presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini Zuma, com a missão de se inteirar dos contornos da crise política que afeta este país da África do Norte, apurou a PANA de fonte autorizada.

A fonte do Gabinete do antigo Presidente cabo-verdiano (2001-2011) revelou que Pedro Pires está na Tunísia, “para ver como é que África pode mobilizar-se para, através da UA, apoiar os esforços dos Tunisinos que querem completar a transição no seu país”.

Esta deslocação, que se prolonga até 22 do mês em curso, vai ser igualmente uma oportunidade para o enviado especial da União Africana “expressar a solidariedade da organização continental para com a Tunísia e o seu povo, tendo em conta os incidentes ocorridos recentemente neste país”.

Pedro Pires pretende avistar-se, durante a sua estadia em Tunes, com as mais altas autoridades tunisinas, para além de líderes de partidos políticos e outros atores políticos e sociais.

Em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV), na manhã desta terça-feira, a partir da capital tunisina, ele recusou-se a comentar a situação reinante na Tunísia, sublinhando que se deslocou a este país para recolher informações, pelo que só poderá falar no final da missão.

A Tunísia continua mergulhada numa profunda crise política, uma vez que nem a oposição nem os islamitas no poder cedem sobre as suas reivindicações, após quase um mês de impasse e apesar das primeiras conversações diretas desde o assassinato, a 25 de julho passado, do deputado oposicionista Mohamed Brahmi.

O conselho da Choura, o parlamento interno do partido islamita Ennahda, indicou na tarde de domingo, após dois dias de reuniões, ter aprovado as posições do chefe da formação Rached Ghannouchi, que recusa a formação de um governo apolítico reclamado pelos opositores e propõe um gabinete de coligação alargada.

"Continuamos a defender as nossas posições (...), somos por um governo de unidade nacional presidido pelo Ennahda", indicou durante uma conferência de imprensa Fethi Ayadi, o presidente da Choura.

O responsável disse que o seu partido apoia a ideia de "um diálogo nacional", sob a égide do poderoso sindicato UGTT, que reclama por um gabinete governamental apolítico, e a Presidência da República, que comunga das posições do Ennahda.

Domingo, os islamitas tinham admitido terem participado em conversações diretas com um dos principais dirigentes da oposição, Beji Caid Essebsi, chefe do partido Nidaa Tounès, ex-primeiro-ministro pós-revolução.

-0- PANA CS/IZ 20ago2013