Agência Panafricana de Notícias

Diáspora burkinabe rejeita plano de saída de crise da CEDEAO

Abidjan, Côte d´Ivoire (PANA) - O coordenador do Movimento de 23 Novembro (N23), Moumouni Pograwa, exprimiu terça-feira a "rejeição total e categórica" do projeto de acordo proposto pela mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no quadro da resolução da crise institucional no Burkina Faso, consecutiva ao golpe de Estado do Regimento de Segurança Presidencial (RSP).

Pograwa, que coordena a resistência da diáspora burkinabe, afirmou durante uma conferência de imprensa em Abidjan (Côte d'Ivoire) que o projeto de acordo proposto pela mediação da CEDEAO "não é outra coisa que uma traição de todo o povo de África" porque não foi objeto de discussão ou contra-proposta das diferentes partes abrangidas e apenas comporta as exigências do RSP.

"Este projeto apresentado pela CEDEAO é uma vergonha para África e uma deceção para a humanidade. Este projeto é um verdadeiro golpe de Estado perpetrado pela CEDEAO contra a democracia", frisou.

Ele indicou que nenhuma decisão que emana da CEDEAO será aceite pelo povo se esta consagrat um prémio à impunidade e ao terrorismo.

O coordenador do N23 lançou um apelo para a mobilização dos cidadãos burkinabes residentes em Abuja, na Nigéria, para exprimir a sua rejeição diante da sede da CEDEAO, onde decorre esta terça-feira a Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e de Governo consagrada à situação no Burkina Faso.

Pograwa sublinhou a exigência do restabelecimento das autoridades de transição nas suas funções respetivas e o respeito do calendário eleitoral consensual estabelecido por todos os atores.

Ele pediu ainda a intervenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) e a realização dum inquérito independente para a detenção e o julgamento diante das jurisdições internacionais dos autores das violências perpetradas durante o golpe de Estado.

A mediação levada a cabo pelo presidente em exercício da CEDEAO, o chefe de Estado senegalês, Macky Sall, e pelo Presidente do Benin, Boni Yayi, desembocou na redação dum projeto de acordo em 13 pontos que será submetido à Conferência dos Chefes de Estado e de Governo para decisões a instaurar por uma missão especial.

A situação sociopolítica no Burkina Faso agravou-se desde 16 de setembro último com o golpe de Estado do RSP, conduzido pelo general Gilbert Diendéré, e a rejeição das forças vivas de caucionar esta suspensão do processo de transição política iniciada depois da destituição do regime de Blaise Compaoré em outubro de 2014 por protestos populares.

-0- PANA BAL/SSB/MAR/TON 22setembro2015