Agência Panafricana de Notícias

Dhlakama promete abandonar mato para fazer pré-campanha eleitoral

Maputo, Moçambique (PANA) – Afonso Dhlakama, líder da Renamo, o maior partido da oposição e antigo movimento rebelde em Moçambique, manifestou sexta-feira a sua vontade de abandonar as matas de Gorongosa, na província central de Sofala, para fazer pré-campanha eleitoral para as eleições gerais de 15 de outubro próximo.

Porém, alega que não pode fazê-lo enquanto continuar cercado pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS).

Dhlakama que se encontra em parte incerta desde que as FDS tomaram a base da Renamo em Santujira, em Sofala, em outubro de 2013, fez estes pronunciamentos em conferência de imprensa via telemóvel.

“Eu quero sair daqui da Gorongosa. Quero estar com a minha família, com vocês, na cidade, com amigos e com todos, mas o Governo continua a mandar tropas para aqui e cercar-me, de modo a impedir-me de me organizar. Também quero fazer pré-campanha”, disse Dhlakama.

Referiu que precisa de garantias de segurança para iniciar a sua pré-campanha para as eleições gerais que se avizinham.

“Os outros candidatos já estão a fazer pré-campanha. Embora eu não tenha sido legitimado ainda como candidato, sou o líder da Renamo e preciso de fazer trabalho partidário. Quero organizar-me também para as eleições”, afirmou.

Questionado sobre a postura que irá seguir caso não obtenha as referidas garantias de segurança, o líder da Renamo afirmou que será paciente para evitar o pior.

Revelou que há quatro dias os observadores nacionais do diálogo político entre o seu partido e o Governo pediram que ele mantivesse o cessar-fogo.

“Eu aceitei. Até porque pesa-me, como chefe de família, ordenar ataques, mesmo que seja em defesa própria. Eu pedi aos mediadores para informar ao Presidente da República a fazer o mesmo, mas até hoje ele está em Inhambane a fazer presidência aberta, a passear em Inhambane, enquanto o povo sofre”, disse.

“Quero que escrevam isto e digam que o presidente Dhlakama está a espera de ouvir as respostas de Guebuza para terminarmos com esta confusão toda”, acrescentou o líder.

Sobre a paridade nas FDS, assunto debatido em sede do diálogo entre a Renamo e governo e que continua a ser a principal causa dos sucessivos impasses, o líder da Renamo disse que o seu partido está apenas a exigir que se cumpra com o Acordo Geral de Paz (AGP), que contempla a existência de 50 por cento dos membros das FDS, provenientes da Renamo, e igual percentagem para Frelimo, partido no poder.

“Hoje já não querem a unificação das FDS. Mas eles querem que a Renamo entregue armas. Como é que Dhlakama vai entregar armas da sua segurança a outro partido? Nós queremos a unificação das FDS, não queremos que cada partido tenha forças armadas”, disse Dhlakama, acrescentando que “a Renamo não tem forças armadas, tem a sua própria segurança autorizada pelo AGP. Quem tem forças é o governo da Frelimo.”

“Se não querem que haja paridade que digam para que eu faça o meu exército. Veremos quem há-de ir provocar o outro. Não sei se isso vai ficar bonito.”

“Eu não posso continuar nas matas. Se não saio não é porque tenho medo da Frelimo. Se eu tentar sair a Frelimo vai atacar e aí reside o meu receio. É que se a Frelimo tentar disparar eu vou responder com força e destruir tudo. É por isso estou aqui a parecer um medroso”, referiu.

Contudo, o Governo moçambicano já anunciou publicamente que não vai ceder a exigência da Renamo sobre a paridade nas FDS e Polícia moçambicana (PRM), como condição para a sua desmobilização.

Falando no término de uma sessão de diálogo havida no mês passado, o chefe da delegação do governo, José Pacheco considerou a exigência da Renamo como sendo uma autêntica tentativa d golpe de estado.

“A Renamo pretende ter 50 por cento dos efectivos nas Forças de Defesa e Segurança (FDS). Isto é um autêntico golpe de Estado declarado publicamente. Esse princípio de paridade não se aplica, de nenhuma forma, para as FDS. O governo não vai ceder a essa exigência”, disse.

-0- PANA AIM/HT/SG/IZ 23maio2014