Agência Panafricana de Notícias

Detenção prolongada por 30 dias para advogado americano preso no Ruanda

Kigali- Ruanda (PANA) -- A detenção preventiva do advogado americano Peter Erlinder processado por "negação e ocultação do genocídio dos Tutsis", foi prolongada por 30 dias pelo tribunal de base de Gasabo, na cidade de Kigali, a capital do país.
Peter Erlinder foi detido há duas semanas, em Kigali, quando devia defender Victoire Ingabire Umuhoza, uma líder da oposição igualmente perseguida pela Justiça ruandesa.
Numa sala de audiência cheia, o juiz Morris Mbishibishi disse que havia "indícios sérios" de culpabilidade que provam que, no caso de libertação provisória, o suspeito podia deixar o país para escapar a uma ação judicial.
Assim, ordenou 30 dias de detenção preventiva para permitir à Polícia continuar as suas investigações.
Visivelmente cansado depois duma indisposição, Peter Erlinder compareceu segunda-feira diante do Tribunal em presença dos seus nove advogados de diferentes nacionalidades incluindo Quenianos, Americanos e Ruandeses.
"O nosso cliente manifestou a sua vontade de cooperar com a Justiça, exigindo ao mesmo tempo a sua libertação para efetuar um tratamento médico.
O seu pedido não foi tomado em conta, vamos imediatamente interpor recurso", declarou à PANA um dos advogados do réu, Jurt Kerns.
Depois de pronunciada a decisão do juiz, Peter Erlinder foi imediatamente transferido, sob o olhar estupefato dos seus advogados e do público, para a prisão de Kimironko, a cerca de 12 quilómetros ao leste da cidade de Kigali.
Quinta-feira, o departamento de Estado americano, através do seu porta-voz Philip Crowley, exortou o Ruanda a libertar Peter Erlinder, pedindo ao mesmo tempo a "compaixão" das autoridades de Kigali.
O Governo ruandês publicou um comunicado em que indica que o caso de Peter Erlinder é um processo judicial que deverá ser gerido pelas instâncias competentes.
O advogado americano é nomeadamente conhecido por defender personalidades ruandesas consideradas pela Justiça ruandesa e pelo Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR) como os principais planificadores do genocídio de 1994.
Entre os seus clientes figura, nomeadamente, o coronel Theoneste Bagosora, antigo chefe de Gabinete do ministro ruandês da Defesa, designado como "o cérebro do genocídio".
Numa declaração publicada esta semana, o TPIR, sediado em Arusha, no norte da Tanzânia, afirmou que o advogado americano foi detido no Ruanda enquanto ele não estava ao serviço desta jurisdição onusina.
O advogado americano já tentou suicidar-se durante a sua detenção e teve de evacuado para o hospital.