Agência Panafricana de Notícias

Crises na África do Norte preocupam União Africana

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – Líderes da União Africana (UA), presentes em Addis Abeba para a cimeira dos chefes de Estado e de Governo da organização continental para resolver crises políticas em África, disseram estar muito preocupados com a situação criada pelas numerosas manifestações provocadas pelo derrube do regime tunisino.

O presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, queixou-se sábado de que, apesar das suas preocupações sobre as tensões crescentes na África do Norte, a maioria dos países abangidos recusaram-se a solicitar a juda apesar das crises civis persistentes com que estão confrontdos nos seus países respetivos .

"A Tunísia conheceu a sua revolução popular que foi súbita e inesperada. Mas ele respeitou a constituição que estipula que o presidente da Assembleia deve garantir interinamente a presidência em caso de vacância do poder", afirmou Ping.

Ele declarou-se muito preocupado pelas "revoluções estudantis", sublinhando no entanto que a UA está na impossibilidade de se ingerir diretamente nos assuntos internos dum país devido à sua soberania.

A UA lançou um apelo para uma "curta transição" na Tunísia depois da fuga do Presidente Zine EL Abidine Ben Ali, a 14 de janeiro de 2011.

As manifestações para a democracia na Tunísia inspiraram outros manifestantes em África e no mundo árabe, o que leva a UA a exigir eleições credíveis e transparentes para permitir aos eleitores tunisinos escolherem seus líderes.

"Esperamos que a crise na Tunísia seja rapidamente resolvida em conformidade com os valores partilhados de democracia e dos direitos humanos e que a transição seja de curta duração para permitir aos Tunisinos elegerem seus líderes", declarou Ping.

Ele acrescentou que "estamos preocupados porque, se uma manifestação de estudantes deve desembocar numa revolução, temos razões de nos preocupar".

O presidente da UA, que falava na véspera da abertura da 16ª Cimeira da UA, indicou que o seu relatório aos chefes de Estado africanos não abrangeu as manifestações mais recentes no Egipto e na Tunísia.

Os manifestantes convergiram esta semana no Egipto para exercer uma pressão a fim de derrubar o Governo do Presidente Hosni Moubarak que respondeu ao demitir o Governo e ao prometer formar um novo domingo.

Ping indicou que a UA acompanha a evolução da situação no terreno mas não tem nenhuma intenção de intervir.

"Não podemos deslocar-nos a todos os países e eles são soberanos. Estamos preocupados... mas as autoridades egípcias afirmam-nos que a situação está sob controlo", indicou o presidente da Comissão da UA.

Os chefes de Estado africanos vão reunir-se domingo para discutir sobre a questão da segurança em África e examinar uma série de valores continentais muito amplamente ignorados.

A UA considerou que a propagação das manifestações no Egipto e na Tunísia é "uma situação muito alarmante".

"É uma situação muito preocupante. Temos manifestações e não sabemos quando elas vão transformar-se em revoluções, estamos muito preocupados", declarou Ping.

Vários chefes de Estado anularam a sua participação na cimeira por receio de confrontos análogos aos da África do Norte.

Relativamente ao Gabão, onde um líder da oposição, Mba Obame, se autoproclamou Presidente da República e anunciou a criação dum Governo paralelo com a intenção de chamar a atenção da UA, Ping qualificou esta situação de "nebulosa".


-0- PANA AO/BOS/ASA/TBM/MAR/DD 30jan2011