Agência Panafricana de Notícias

Crise da Líbia é luta pelo controlo de riqueza e poder, diz ONU

Trípoli, Líbia (PANA) - O enviado das Nações Unidas na Líbia, Ghassan Salamé, considera que "a base da crise na Líbia é uma luta pela riqueza que toma a forma duma luta pelo poder".

Em entrevista quinta-feira última ao canal russo "Russia Today", Salamé lamentou a eclosão de combates em Trípoli, a 4 de abril último.

Garantiu que as Nações Unidas "não querem interferir nos assuntos líbios", sublinhando no entanto que "deve haver um controlo internacional sobre os recursos da Líbia.

A seu ver, as iniciativas de reconciliação tomadas  ultimamente entre a Câmara dos Deputados (Parlamento paralelo), o Conselho Supremo do Estado (Assembleia Consultiva), o Conselho Presidencial do Governo de União Nacional, o marechal Khalifa Hafter, comandante do autoproclamado Exército Nacional líbio, e grupos armados, serviram para "evitar confrontos militares".

Salamé explicou que "o confronto militar é um perigo constante devido à grande proliferação de armas pelas mãos da população e das formações armada".

Já se estava próximo da saída mas começaram os combates em Tripoli, para repelir e expulsar formações armadas de Tripoli para fora, indignou-se.

O emissário das Nações Unidas destacou que esta situação coloca o processo político entre duas frentes.

"Não estou a dizer que eles o matam... até quando voltarmos para cessar os combates, silenciar as armas e voltarmos finalmente à mesa de negociações", indicou.

Referindo-se ao uso do termo "formações armadas", Salamé destacou que, na Líbia, existem um grupo de formações e partidos armados" que têm objetivos diferentes", nomeadamente "grupos tribais ou urbanos que se defendem", "gangues que tentam enriquecer-se ilegalmente usando armas, organizações terroristas e outras organizações quase terroristas", e "organizações Fatwa, como eram chamadas na época otomana, eram organizações urbanas que são grupos armados locais".

Salamé explicou que estes nomes têm um passado diferente e um futuro diferente", observando que entre os sucessivos governos líbios, desde 2011, "alguns se expandiram para formar partidos armados no âmbito do Estado e se juntaram aos ministérios do Interior e da Defesa e outros, embora não estejam prontos para desempenhar o papel de polícia ou exército".

Desde 4 de abril, decorrem confrontos armados entre as forças do autoproclamado Exército Nacional da Líbia, autores duma ofensiva militar pelo controlo de Trípoli, e tropas leais ao Governo de Unidade Nacional, apoiadas pela comunidade internacional.

Depois de mais de dois meses de luta, esses confrontos mataram 607 pessoas, incluindo 40 civis, ferindo três mil 261 outras, incluindo 117 civis.

Também forçaram mais de 82 mil pessoas a deslocarem-se das suas casas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) na Líbia.

-0- PANA BY/JSG/CJB/DD 07junho2019