Agência Panafricana de Notícias

Crianças marcham contra maus tratos e violação sexual em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – Várias centenas de crianças e adolescentes participaram, terça-feira, numa marcha, na Cidade da Praia, para protestar contra os casos de agressão, maus tratos e violação sexual que vêm acontecendo em Cabo Verde, apurou a PANA na capital cabo-verdiana.

A marcha, que coincidiu com o Dia Internacional da Criança Inocente Vítima de Agressão, teve lugar numa altura em que surgem rumores sobre a existência, em alguns bairros da capital, de casas de exploração sexual de menores entre os 12 e os 14 anos de idade.

A ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos, Janira Hoppfer Almada, que tutela o setor da Família, manifestou a sua preocupação pela alegada existência dessas casas, mas disse sentir-se “aliviada” pelo facto de o caso ser denunciado "por cidadãos que constataram essas situações de violência contra as crianças e não ficaram caladas, como por vezes acontece".

A governante promete que as autoridades competentes irão atuar para que o Estado assuma as suas responsabilidades e a Justiça tenha mão dura sobre os responsáveis por esses alegados casos de exploração sexual de crianças e adolescentes.

A ministra disse que culpabiliza também os pais pela situação, já que “não têm desempenhado o seu papel de proteger e seguir os seus filhos”, isto porque, “uma criança não pode estar à noite na rua sem que os pais dêem conta disso”.

Janira Hoppfer Almada atribui, entretanto, o aumento de denúncias de casos de maus tratos a crianças nos últimos anos em Cabo Verde ao fato de a sociedade civil cabo-verdiana estar cada vez mais consciencializada para a necessidade de denunciar esses casos.

De janeiro a abril deste ano, o Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente (ICCA) recebeu, 518 denúncias sobre agressão contra crianças. No ano passado, o número de denúncias feitas à instituição que zela pelo bem-estar da camada infanto-juvenil em Cabo Verde, através de um número telefónico próprio para o efeito, foi de mil e 400.

A presidente do ICCA, Marilena Baessa, destacou a importância da marcha, realizada terça-feira, para despertar a sociedade para a necessidade de reforçar a vigilância para dar combate aos casos de agressões e violações dos direitos de crianças e adolescentes que ainda continuam a acontecer no arquipélago.

“Precisamos mostrar que o abuso e a exploração de crianças e adolescentes é, infelizmente, mais comum do que imaginamos. É importante alertar que o abusador geralmente não é uma pessoa distante. Na maioria das vezes, é alguém próximo ou da própria família”, salientou.

-0- PANA CS/IZ 05junho2013