Agência Panafricana de Notícias

Crédito mal parado ultrapassa 136 milhões de euros em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - O crédito mal parado em Cabo Verde ultrapassa os 15 mil milhões de escudos (mais de 136 milhões de euros) e representa cerca de 12 por cento do total de créditos concedidos no pais, apurou a PANA de fonte segura.

A nfrmalºao foi dada pelo vice-primeiro e ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, sexta-feira, na cidade da Praia, durante um encontro de socialização do anteprojeto de lei  de penhora de bens móveis.

Na ocasião, ele disse que este contexto leva a uma reflexão diferente sobre aquilo que o país vem fazendo ate ao momento.

“Comparado com aquilo que é prática internacional. 12 por cento é um número elevadíssimo. Os bancos felizmente são bancos sólidos e saudáveis, têm liquidez, mas o nível de crédito mal parado em Cabo Verde é elevado. Nós não podemos querer ter, ao mesmo tempo, um país desenvolvido e ser um país de incumpridores”, sustentou.

Olavo Correia afirmou que um dos princípios fundamentais para se garantir o desenvolvimento é ter-se uma sociedade cumpridora de prazos, de obrigações e de contratos, pedindo um maior sentido de responsabilidade.

“Quando falamos de facilitar o acesso estamos a falar dum contexto para remover as barreiras desnecessárias, mas o acesso não pode ser de facilitismos”, alertou

Afirmou que os incumpridores não devem ter acesso ao financiamento nem dos bancos, nem do Governo, muito menos dos mercados capitais.

Por isso mesmo, adotou que o processo de crédito deva ser bem gerido para se evitarem situações que possam pôr em causa o sistema financeiro.

O Governo, avançou, está a trabalhar para dar uma solução e evitar que o crédito mal parado tenha “grandes implicações” no sistema bancário.

Para tal,  adiantou, que o executivo convidou o Banco Mundial e a Sociedade Financeira Internacional a trabalharem juntos e, em conjunto, para encontrarem uma solução, permitindo um quadro “mais facilitador” de acesso a pequenas, médias e grandes empresas cabo-verdianas e, ao mesmo tempo, encontrar uma solução para o crédito mal parado.

Falando na cerimónia de apresentação do anteprojeto de lei de penhora de bens móveis, que permite que os mesmos sejam também apresentados com garantia para o acesso ao crédito bancário, o presidente da Câmara de Comércio do Sotavento (CCS), Jorge Spencer Lima, disse que o novo sistema  é um “passo positivo” na melhoria do ambiente de negócios em Cabo Verde.

O responsável da  instituição que representa o patronato da região sul do arquipélago frisou que, apesar das informações que dão contam do excesso de liquidez nos bancos, as empresas continuam a enfrentar dificuldades no acesso ao crédito, o que demonstra, na sua perspetiva, que este excesso de liquidez não é transmitido ao mercado

“Os empecilhos continuam a ser imensos, as dificuldades continuam a existir e as empresas continuam a não ter acesso rápido e fácil ao crédito. Portanto, as garantias solicitadas ultrapassam as capacidades das empresas, sobretudo quando falamos de pequenas e medias empresas, as respostas muitas vezes levam tempo demais”, lamentou.

Por isso mesmo, considera que esse código que permite que os bens móveis, como viaturas e equipamentos, passam a ser apresentados como garantias vem de uma forma “muito clara” trazer um “aspeto positivo” na consolidação e desenvolvimento das empresas nacionais.

Jorge Spencer Lima lembrou que o tecido empresarial cabo-verdiano é composto acima dos 90 por cento por pequenas e médias empresas, e que, por isso, considerou que é uma medida que vem intervir num espaço “muito grande”.

“Deverá ter efeitos positivos numa camada muito necessitada, sobretudo, deverá encorajar as pessoas a investirem e encontrarem momentos para que as pequenas e médias empresas possam evoluir gradualmente de uma fase imediatamente superior”, sustentou.

Em regra, nos processos de créditos, os bancos pedem a penhora ou hipoteca sobre bens imóveis porque funcionam com o princípio da confiança de que os créditos serão reembolsados.

Com este diploma, o Governo quer introduzir bens móveis e também como garantia no acesso ao crédito.

-0- PANA CS/DD 21set2019