Agência Panafricana de Notícias

Covid-19 faz encerrar 20% de empresas em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Vinte por cento das empresas de Cabo Verde suspenderam a sua atividade durante o primeiro trimestre, por causa da covid-19, que afetou sobretudo o setor do Turismo, em que 83 por cento encerram temporariamente, revelou quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Num inquérito rápido realizado para avaliar os impactos da covid-19, no arquipélago, o INE indicou que 80 por cento das empresas cabo-verdianas se mantiveram em atividade durante o três primeiros meses do ano “mesmo que de forma parcial”.

“O turismo foi o setor mais afetado pela pandemia da covid-19 em Cabo Verde”, refere o estudo, lembrando que desde 19 de março que Cabo Verde está encerrado a voos internacionais, para conter a transmissão da pandemia, suspensão decidida pelo Governo cabo-verdiano e que deverá manter-se pelo menos até agosto.

O comércio foi o segundo setor mais afetado, com o encerramento temporário de 16,7 por cento dos estabelecimentos.

O estudo aponta ainda que 68 por cento das empresas inquiridas “afirmaram que houve redução no seu volume de negócios”, devido à pandemia da covid-19.

A redução ou falta de encomendas/clientes e as restrições impostas foram apontadas como as principais causas do forte impacto no volume de negócios no primeiro trimestre.

Das empresas que assumiram ter registado aumento do volume de negócios, 40 por cento estimaram que esse acréscimo se situou entre 51 e 75 por cento.

O primeiro caso de covid-19 no arquipélago foi diagnosticado, na ilha da Boa Vista, em 19 de março. Dez dias depois, o Presidente da República decretou o Estado de Emergência, o que obrigou ao encerramento generalizado das empresas, de forma diferenciada por ilhas, durante dois meses.

O estudo do INE reflete assim as consequências na atividade económica no primeiro mês (março) da pandemia da covid-19, em que 85 por cento das empresas responderam que não tiveram necessidade de recorrer ao crédito bancário, para pagar salários ou outras obrigações, naquele período.

“Das empresas que tiveram tal necessidade, 37,5 por cento afirmaram ter beneficiado do crédito em condições mais favoráveis comparativamente a pedidos anteriores”, segundo o INE.

“As empresas, na sua maioria, apontaram como medidas para fazer face à crise, o recurso a benefícios concedidos pelo Governo. Realça-se, ainda, que cerca de 14 por cento das empresas pretendem diversificar a produção/atividade como forma de combater a crise provocada pela pandemia”, aponta o estudo.

Ainda assim, cerca de 48 por cento das empresas entrevistadas “asseguraram que a pandemia não teve impacto na redução no número de pessoal ao serviço” no primeiro trimestre de 2020, enquanto quase 43 por cento tiveram opinião contrária.

Entretanto, a Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCSS), que  representa a classe empresarial da região sul do arquipélago, já pediu a intervenção do Governo para travar a tendência generalizada da suspensão das atividades das empresas cabo-verdianas.

Em declarações à agencia cabo-verdiana de noticias (Inforpress), o presidente da CCSS, Jorge Spencer Lima, disse ter recebido “com normalidade” este inquérito do INE, sublinhando que já era expetante e que “haverá sempre empresas que vão fechar e que vão abrir”, em resultado da pandemia, pelo que aconselha a sincronização entre aquelas que vão  fechar e as que vão abrir.

No entanto, Jorge Spencer Lima reconheceu que a intervenção do Governo tem sido exatamente na procura deste equilíbrio, pelo que alertou para a criação de medidas suplementares de apoio, com o intuito de evitar esta “tendência generalizada”, por forma a evitar “um problema grave para a economia e o país”.

“Não só para a economia, porque depois vai transformar-se num problema social. O encerramento das empresas implica fecho de postos de trabalho, despedimentos, famílias sem rendimentos e transforma-se num problema social. Daí que estas medidas visam combater este efeito negativo”, alertou.

Nesta perspetiva, chamou a atenção no sentido de evitar o alargamento desta percentagem das empresas encerradas.

O INE confirmou que o turismo, que contribui para cerca de 25 por cento do PIB do país, está a ser o setor mais afetado pela pandemia da covid-19, com mais de 80 por cento das empresas a encerrarem, de forma temporária, neste período.

-0- PANA CS/IZ 16julho2020