Agência Panafricana de Notícias

Conflito e mau tempo agravam situação humanitária na Somália

Nairobi, Quénia (PANA) – A continuação do conflito e o mau tempo na Somália agravam a situação humanitária já desastrosa neste país do Corno de África, indicou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Segundo o pessoal que se encontra na cidade fronteiriça de Dobley, no sudoeste do país, o número de refugiados que atravessa o Quénia está em baixa.

As chuvas tornaram as estradas impraticáveis e o receio de ser alvo do conflito são as duas principais razões citadas.

A cidade de Dobley está situada a cerca de 18 quilómetros da fronteira e várias pessoas continuam a chegar em fuga devido a um rumor sobre confrontos militares iminentes na zona.

Há igualmente ameaças de regresso forçado pelas milícias Al Shabaab às suas aldeias de origem.

No fim de semana passado, seis camiões que transportavam perto de 180 pessoas deslocadas desde o distrito de Afgooye, que vinham na maioria do campo de deslocados K50, chegaram a Dobley após viajar 27 dias por estradas inundadas.

Em Mogadíscio, o ACNUR, conjuntamente com outras agências parceiras, finaliza uma avaliação da situação dos deslocados na capital somalí.

A avaliação tem por objetivo cartografar a presença de instalações de deslocados e obter dados de base relativos à demografia e ao tamanho das famílias.

Um estudo de sete mil famílias foi levado a cabo e os resultados preliminares revelam que há perto de 300 instalações de deslocados de tamanhos diversos.

O tamanho da população deslocada em Mogadíscio será apresentada aos responsáveis do Governo Federal de Transição em Mogadíscio antes de ser comunicado à comunidade humanitária.

Em Nairobi, um relatório do ACNUR divulgado quinta-feira passada passa em revista os danos causados aos civis pelo conflito militar e os meios de os superar.

Este relatório, que foi preparado pela Organização não Governamental internacional CIVIC, recomenda o estabelecimento dum mecanismo para acompanhar, analisar, inquirir e responder a todos os danos causados aos civis.

Ele exorta igualmente todas as partes ao conflito na Somália a cessar imediatamente os ataques que visam os civis e as agências humanitárias.

Enquanto não há atualmente nenhuma obrigação jurídica para as partes no conflito de fornecer reparações aos civis afetados por operações militares, o ACNUR sublinha « o imperativo moral da indemnização dos civis no quadro de atividades militares que atenta contra a vida, a integridade física, a liberdade das pessoas e dos bens ».

O ACNUR exorta igualmente os doadores a fornecer o apoio financeiro necessário para a aplicação das recomendações enumeradas neste relatório e que uma política eficaz sobre a indemnização possa ser elaborada pela Missão da União Africana na Somália (AMISOM).

-0- PANA DJ/VAO/NFB/JSG/MAR/TON 14nov2011