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Companhia aérea cabo-verdiana elege nova direção após desprivatização

Praia, Cabo Verde (PANA) - A assembleia-geral extraordinária dos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), elegeu quinta-feira, na cidade da Praia, a nova direção da companhia, após a reversão da sua privatização decidida pelo Governo, em julho passado, apurou a PANA de fonte oficial.   

Em declarações à imprensa, o representante dos acionistas privados da  transportadora, Victor Fidalgo, adiantou que, para presidir ao Conselho de Administração da TACV, foi eleita a gestora Sara Pires.

Ex-PCA da Radiotelevisão Cabo-verdiana (RTC), Sara Pires   vai ser coadjuvada pelos administradores executivos João Alberto e Carlos Salgueiral e pelos administradores não executivos José Aldino Ribeiro e Neusa Évora.

A Assembleia-Geral vai ser presidida por Eva Caldeira Marques, que terá como secretário Patrick Lopes, enquanto o Conselho Fiscal terá como membros Luís Aguiar, Valentim Almeida Pinto e Maria da Luz de Pina.

Segundo Vítor Fidalgo, as propostas já tinham sido objeto de várias sessões negociais e tiveram "consenso" entre o Estado e os acionistas privados da companhia aérea cabo-verdiana que, segundo ele, vai entrar numa nova fase, que passa por "refundar" a TACV.

Após a eleição, a nova administração tem um prazo de até 90 dias, e máximo de 120, para convocar nova assembleia extraordinária para apresentar o seu plano para a refundação da transportadora área e definir os principais desafios.

"Esperamos que os TACV sejam um ’player’ importante na conetividade de Cabo Verde com o mundo", perspetivou o empresário, traçando como nichos os mercados étnicos e turísticos.

Segundo a mesma fonte, a partir de agora, o porta-voz dos pequenos acionistas disse que a meta é ter uma empresa rentável e capaz de desempenhar o papel na conetividade de Cabo Verde com o mundo, num rumo que vai ser traçado pela nova administração.

Para Fidalgo, Cabo Verde "não pode falhar mais" com a sua transportadora aérea de bandeira nacional, desafiando todos a trabalhar mais, em colaboração, para apresentar resultados.

"Os TACV têm uma importância para Cabo Verde em termos de conetividade. A população está sofrendo neste momento dessa ausência de alternativas de voos para o exterior", salientou a mesma fonte, que não arrisca avançar uma data para a companhia voltar às operações.

Mais de dois anos depois da privatização, esta foi a primeira assembleia-geral em que o Estado cabo-verdiano voltou a ter poder de decisão, face à aprovada reversão daquela operação, com 9 por cento do capital social.

O restante do capital cabe a pequenos acionistas, entre trabalhadores da TACV e emigrantes cabo-verdianos.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51 por cento da então empresa pública TACV por 1,3 milhão de euros à Lofleidir Cabo Verde.

Esta última é detida em 70 por cento pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30 por cento por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

A companhia, em que o Estado cabo-verdiano mantinha uma posição de 39 por cento, concentrou então a atividade nos voos internacionais, a partir do ’hub’ do Sal, deixando os voos domésticos.

Entretanto, a Loftleidir Cabo Verde já anunciou que pretende reverter a renacionalização da TACV e ser "ressarcida pelos prejuízos causados" por aquela decisão.

Por seu turno, o Governo garantiu ter cumprido com o acordado e acusou a administração islandesa anterior de várias irregularidades na gestão da companhia e na relação com o Estado.

O Estado cabo-verdiano assumiu, em 06 de julho último, a posição de 51 por cento na TACV detida, desde 2019, pelos investidores islandeses, alegando vários incumprimentos na gestão e dissolvendo de imediato os corpos sociais.

-0- PANA CS/IZ 13ago2021