Agência Panafricana de Notícias

Companhia aérea cabo-verdiana avança com despedimento colectivo

Praia, Cabo Verde (PANA) - A Transporte Interilhas de Cabo Verde (TICV) procederá a um despedimento massivo do pessoal, com o risco de extinguir até 60 dos mais de 130 postos de trabalho,  apurou a PANA de fonte segura.

Numa carta enviada à imprensa, a direcção da TICV, única companhia que assegura as ligações aéreas domesticas no arquipélago, justificou os despedimentos com a diminuição da atividade da empresa em consequência da a redução do número de voos operados.

Segundo ele, a situação originou “uma drástica redução” da receita, que colocou a transportadora numa posição económico-financeira “muito difícil” que, com as agravantes consequências da covid-19, “obriga a desencadear um processo de reestruturação, que se torna imprescindível”, para a garantir a “continuidade e sustentabilidade” da empresa.

A intenção é cessar os contratos de trabalho a partir do dia 20 de novembro próximo, disse a sua direção, admitindo que o número final deverá ser inferior ao previsto.

"Esperamos que não sejam tantos, mas uma empresa que não trabalha há quase seis meses não consegue manter 135 postos de trabalho. Precisamos de assegurar a viabilidade da companhia", indicou a mesma fonte.

Entretanto, a secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo V3erde-Confederação Sindical (UNTC-CS), Joaquina Almeida, já declarou a preocupação da principal central sindical cabo-verdiana com os despedimentos na TICV/Bestfly.

Sublinhou que a estrutura sindical está disponível para prestar um apoio necessário aos trabalhadores afetados por este medida.

Em declarações à Agencia Cabo-verdiana de Noticias (Inforpress), a lider da UNTC-CS disse que quando a Binter Cabo Verde, transformada na TICV (Transportadora Internacional de Cabo Verde), iniciou as funções, os sindicatos e a própria central sindical fizeram uma abordagem aos trabalhadores no sentido de sindicalizarem.

Entretanto, adiantou que, por causa do medo, os mesmos não se filiaram e, inclusive, aqueles que já tinham uma ligação com o O Sindicato de Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (SITTHUR) pediram a desvinculação por medo de serem despedidos.

“A empresa sabe que eles não estão sindicalizados, por isso deu aos trabalhadores apenas cinco dias para se pronunciarem sobre a carta de despedimento”, disse a líder sindical, adiantando que a central sindical está a acompanhar o processo e aguarda por um pedido de apoio para poder ter legitimidade de se pronunciar e ajudar os trabalhadores neste processo difícil que estão a enfrentar.

A TICV é liderada, desde finais de junho último, pelo grupo BestFly, após a compra de 70 por cento do capital social aos Espanhóis da Binter, cabendo os restantes 30 por cento ao Estado cabo-verdiano.

O grupo BestFly já tinha assumido em 17 de maio último uma concessão emergencial das ligações aéreas domésticas por seis meses e anunciou, depois da compra da TICV, que pretendia concentrar naquela companhia os voos interilhas.

O grupo de capital angolano recebeu, a 18 de setembro, uma segunda aeronave que chegou ao arquipélago para garantir o objetivo de retomar as ligações domésticas da TICV o mais rápido possível.

Na ocasião, uma fonte oficial da TICV garantiu que, “como empresa tinha assegurada a sua continuidade”, ela pretendia manter “o maior número de postos de trabalho possível”, mas “sem colocar em causa a continuidade e a sustentabilidade” da companhia, admitindo ainda “reajustes” ao nível do pessoal, incluindo a possibilidade de alguns serem reintegrados no universo BestFly.

-0- PANA CS/DD 22outubro2021