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Combate ao coronavírus entrar na "fase decisiva" em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde está a entrar na "fase decisiva" do combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e é necessário travar o contágio interno dentro do período de Estado de Emergência, declarou segunda-feira o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.

“É um momento decisivo. Nós vamos entrar, e já estamos nesta fase, em que temos praticamente tudo fechado, relativamente ao exterior já há algum tempo, internamente não há movimentação de pessoas interilhas.

"Isto é fundamental para fazer uma contingentação e estamos preparados para, no termo do período que está definido como de emergência, termos menos casos possíveis de contágio a partir de casos internos”, afirmou Ulisses Correia e Silva.

O primeiro-ministro falava aos jornalistas à margem de uma visita a duas empresas de produção e armazenamento de medicamentos e consumíveis.

Recordou que os países que “foram mais agressivos” nas medidas de prevenção, como a limitação de entradas e de movimento de pessoas, conseguiram “melhores resultados”.

“É isso que estamos a fazer”, anotou, sublinhando que o país, que entra esta terça-feira no terceiro dia do Estado de Emergência, tem pela frente “um único combate, uma única frente: combater e vencer esta crise, que é global”.

“As instituições funcionam, os órgãos de soberania funcionam, com limitações impostas como ao comum dos cidadãos”, disse referindo-se à decisão tomada pelo Presidente da República de declarar o Estado de Emergência, desde as 00:00 de 29 de março e até 17 de abril.

Decretada para travar a progressão da pandemia, a medida suspende direitos como a liberdade de movimento e determina o encerramento de empresas ou a possibilidade de requisições civis.

Correia e Silva visitou durante a manhã de segunda-feira as instalações da empresa pública Emprofac, para avaliar o abastecimento de materiais e equipamentos de proteção individual e de medicamentos, bem como os laboratórios da Inpharma, que está a produzir desinfetante álcool gel para abastecer o mercado nacional.

“Constatámos que, na Inpharma, estamos a fazer produção local. Quer dizer, o país está a produzir gel desinfetante em quantidade suficiente e necessária para este período, tendo em conta que há muita, muita procura.

"Mas quero ressaltar esta vertente de produção interna, desde o produto em si, mas também a embalagem, o rótulo, envolvendo algumas indústrias”, sublinhou.

A segunda constatação é que "nós estamos bem abastecidos e preparados para as contingências".

"Evidentemente não há elemento de controlo de todas as variáveis, mas relativamente aos medicamentos, equipamentos de proteção individual, há stock suficiente para acomodar a situação atual”, disse.

Recordou que esta crise apresenta variáveis que “se alteram de um momento para o outro”, tal como está a acontecer nos vários países do mundo.

"Daí que temos de estar em condições também de adaptar permanentemente e dar as respostas para assegurar que não falte nem equipamentos, medicamentos ou aquilo que são os essenciais em termos de consumíveis para este período”.

Entretanto, o ministro da Saúde e Segurança Social, Arlindo do Rosário,  que acompanhou o chefe do Governo nessas visitas, afirmou que ainda é impossível prever o pico da infeção pelo novo coronavírus em Cabo Verde, ou seja, o momento crítico em termos de transmissão do vírus.

“Ainda não é possível. O número de casos que nós temos, não só importados como de transmissão local, não permite ainda ter ideia, de facto, do nível da circulação do vírus no país”, explicou.

O governante realçou que de acordo com OMS a previsão é que até final de em abril o país poderá ter todo o quadro em termos de evolução da curva epidémica.

Por isso, adiantou que as autoridades sanitárias estão a acompanhar a situação, tomando as medidas necessárias para evitar cenários piores.

“Creio que todas as medidas tomadas, até este momento, nomeadamente a contenção e distanciamento social terão impacto se as pessoas cumprirem as regras. Vamos acompanhar para avaliar até que ponto essas medidas estão a ser eficazes”, anotou.

Cabo Verde registou até este momento seis casos de Covid-19 e uma morte. Quatro dos seis casos foram registados na ilha da Boa Vista e outros dois na cidade da Praia, ilha de Santiago.

Para além desses casos importados e de transmissão local há registo de quatro casos diagnosticados, em Portugal, e que foram referenciados como sendo casos importados de Cabo Verde.

-0- PANA CS/IZ 31março2020