Agência Panafricana de Notícias

Chefe do Estado-Maior das Forças Aarmadas de Cabo Verde pede demissão

Praia, Cabo Verde (PANA) - O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Cabo Verde, general Alberto Barbosa Fernandes, apresentou o seu pedido de demissão ao ministro da Defesa, Luís Filipe Tavares, na sequência do assassinato de 11 pessoas num destacamento militar no interior da ilha de Santiago, apurou a PANA, sábado, na cidade da Praia.

A informação foi avançada pelo comandante da Guarda Nacional, coronel Jorge Martins Andrade, no decorrer de uma conferência de imprensa e que constituiu a primeira reação de um responsável das Forças Armadas ao massacre perpetrado, alegadamente, por um soldado que matou oito militares e três civis (dois espanhóis e um cabo-verdiano) no destacamento militar em serviço no Centro Retransmissor de Monte Tchota.

O pedido da demissão de Alberto Barbosa Fernandes, que ocupa o cargo desde novembro de 2011, já foi confirmado tanto pelo Governo como pela Presidência da República.

A fonte militar assegurou ainda que o próprio CEMFA fará uma comunicação à imprensa e à nação, na segunda-feira, a propósito da sua demissão, uma vez que não esteve presente na conferência de imprensa da manhã de sábado.

Na altura do incidente, Alberto Fernandes não se encontrava no país, já que participava num encontro dos chefes dos Estados-Maiores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Moçambique.

A morte das 11 pessoas está a levantar várias questões sobre o funcionamento das Forças Armadas cabo-verdianas e daquele destacamento em particular, uma vez que, entre outros aspetos, está em causa a existência de indícios de os corpos das vítimas terem sido descobertos mais de 24 horas depois da hora das mortes.

Este facto está a levantar dúvidas sobre as rotinas de funcionamento do posto e contacto com o Comando da 3ª Região Militar do qual depende.

De acordo com o comandante dessa unidade militar, tenente-coronel Carlos Monteiro, a última tentativa de contacto por parte do Comando foi na segunda-feira cerca das 18:00 locais, não tendo, nessa altura, havido resposta por parte do posto militar.

Carlos Monteiro explicou que os postos militares têm vários meios de comunicação disponíveis e que a iniciativa do contacto diário pode ser feita quer pelo Comando, quer pelo posto.

Admitiu, no entanto, que face à falta de resposta na segunda-feira, o oficial de serviço deveria ter insistido no contacto com o posto militar.

"A partir do momento em que no dia 25 de abril o oficial de dia não conseguiu estabelecer a comunicação às 18:00, se calhar deveria ter insistido mais em tentar falar com o comandante do destacamento. Deixou para o dia seguinte", adiantou o responsável militar, indicando que a investigação ainda está a decorrer.

Entretanto, o comandante da Guarda Nacional revelou, sábado, que um desentendimento com um colega, que resultou em confrontos físicos seguidos de troça por parte de outros colegas, terá estado na origem dos assassinatos praticado pelo militar supeito e que está sob a alçada da Justiça militar.

"Conclui-se que esteve na origem do ocorrido um desentendimento do soldado Ribeiro com um colega, que culminou com um confronto físico, donde saiu derrotado, ficando no posto de serviço em vez de outro, tendo sido alvo de gozo por parte dos restantes colegas", disse o coronel Jorge Andrade.

Adiantou ainda que o soldado se considerou injustiçado e "ameaçou matar a todos, ameaça que não foi levada a sério pelos demais".

O suspeito das 11 mortes foi detido na quarta-feira e presente a Tribunal Militar na sexta-feira, aguardando julgamento em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional Militar.

-0- PANA CS/IZ 01mai2016