Agência Panafricana de Notícias

Charles Taylor declarado culpado de crimes de guerra na Serra Leoa

Nairobi, Quénia (PANA) – As reações internacionais prosseguiram quinta-feira após o veredito pronunciado pelo Tribunal Especial das Nações Unidas para a Serra Leoa contra o ex-Presidente liberiano, Charles Taylor, declarado culpado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a guerra civil serraleonesa.

O Tribunal Especial da ONU declarou o antigo Presidente liberiano culpado de ter violado o embargo internacional sobre as armas e de ter financiado uma operação militar na Serra Leoa, essencialmente para manter o controlo sobre o comércio lucrativo de diamantes na província de Kono, na Serra Leoa.

O Tribunal declarou-o igualmente culpado de ter ajudado os rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF) e de ter aumentado a violência contra o Governo civil eleito da Serra Leoa, fingindo encorajar os seus aliados a participar nas iniciativas regionais de paz, desempenhando assim o papel de agente duplo.

Os juízes, que rejeitaram a sua defesa segundo a qual ele foi o principal promotor dos esforços de paz na região, afirmaram igualmente que não existiam bastantes provas para concluir que Taylor facilitou a libertação de dezenas de capacetes azuis da ONU raptados na Serra Leoa.

« Ele esteve implicado no comércio de armas e nas negociações de paz », constataram os juízes.

Os juízes declararam que Charles Taylor ajudou os seus aliados na Serra Leoa a criar uma base de treino militar no país, mas que não existem provas sobre as suas implicações na estrutura de comando militar.

Charles Taylor é acusado de ter alimentado o descontentamento contra o Governo serraleonês e ajudado a reunir dois outros líderes rebeldes dos quais Foday Sanko, que escandalizou o mundo inteiro ao amputar os membros das suas vítimas.

Segundo ainda os juízes, não existem provas de que Taylor ajudou alguns senhores da guerra na Serra Leoa a fugir.

A organização de defesa dos direitos humanos sediada em Nova Iorque, Human Rights Watch, afirmou que a sua condenação envia uma poderosa mensagem aos ditadores onde quer que estejam no mundo.

As audiências foram seguidas em direto na televisão no Quénia, onde quatro outros suspeitos devem ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) pela violência pós-eleitoral queniana.

O procurador-geral do Tribunal Especial da ONU, Brenda Hollis, sediado em Haia, nos Países Baixos, julgou esta condenação « histórica ».

« É um dia histórico para as famílias das vítimas, que esperaram pacientemente pelo veredito », disse.

-0- PANA AO/VAO/NFB/TBM/IBA/FK/IZ 26abril2012