Agência Panafricana de Notícias

Cartum debaixo de bombardeamentos

 

Cartum, Sudão (PANA) - Bombardeamentos intensos e incessantes continuam em Cartum desde a sua eclosão ao meio-dia (local), constatou a PANA  no local.    

Trata-se de combates militares instantâneos que se iniciam num lugar e reaparecem no outro, na cidade de Cartum, estendendo-se por zonas, que até ao momento, estavam em abrigo de operações militares.

A situação está tensa e persistente em sítios de bombardeamentos, e aviões militares que sobrevoam o ceu de Cartum, bem como explosões de obuses e bombas, contrastando com a situação das últimas 24 horas, a partir das seis horas de manhã, em que a cidade capital sudanesa vivenciou uma calma nunca vista nos últimos dois meses.

Mesmo se nem as Forças Armadas Sudanesas (SAF, sigla em inglês), nem as Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês - rebelião) não publicaram declarações nem comentários sobre o que se passava, está claro para observadores que há uma mudança no tocante aos combates por parte das SAF. 

Há dois dias, foram as RSF que tomavam a iniciativa, atacavam as posições das SAF, ocupavam certos lugares durante horas, filmavam e registavam os eventos e, depois evacuavam-nos quando o Exército viesse a contra-atacar.

Quando assim acontecia, as SAF ficavam estáticas nas  posições recuperadas, deixando às RSF tomarem a iniciativa de atacar.

Domingo, imediatamente após o fim da trégua de 24 horas, enquanto pessoas esperavam por discussões sobre a prorrogação da trégua e pelos factos das últimas 24 horas, o Exército sudanês parece ter escolhido surpreender muita gente, incluindo civis retidos em Cartum.

A escalada dos combates ocorre no rescaldo de uma mini-cimeira decorrida em Djibuti em maio último, em que participaram dirigentes da IGAD (Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento) e do bloco de desenvolvimento da África Oriental, a fim de encontrar uma solução africana para esta crise africana.

Nessa ocasião, dirigentes da IGAD, de que fazem parte o Sudão do Sul, o Quénia, o Djibuti e o Sudão, encarregaram o Presidente sul-sudanês, o general Salva Kiir Mayardit, de entrar em contacto com as duas partes beligerantes no Sudão e lhe apresentar uma proposta de solução.

Presente nesse encontro, o Presidente em exercício da  União Africana (UA) e Presidente das Comores, Azali Assoumani, sublinhou a necessidade de se concentrar numa solução africana para a crise sudanesa atual, tendo em conta o fiasco repetido das tréguas precedentes.

Durante uma conversa telefónica sábado último, Assoumani reiterou esta proposta ao Presidente do Conselho Soberano do Sudão, o general Abdul al-Fatah Burhan.

Respondendo-lhe em nome do general Burhan, a Presidência sudanesa, ou seja, o Conselho Soberano, declarou que o Sudão apoia qualquer iniciativa suscetível de pôr fim à crise atual no país.

Defendeu que o fiasco das tréguas anteriores se deveu às violações repetidas pelas "milícias rebeldes das Forças de Apoio Rápido e pelo seu líder (Mohamed Hamdam Daglo) para libertar residências privadas, hospitais, centros de serviços e serviços públicos, bem como estabelecimentos públicos", como estipulado nos acordos sobre as mesmas tréguas.

A Presidência sudanesa citou o o general Burhan como tendo sublinhado, durante a sua conversa por telefone com o Presidente Azali Assoumani, "apoiar qualquer soluções suscetível de pôr fim à guerra movida pelas milícias rebeldes apoiados por mercenários estrangeiros, e de trazer de volta a calma no seio do povo sudanês."

-0-PANA MO/RA/MTA/JSG/DD 12junho2023