Agência Panafricana de Notícias

Captura de peixe diminui 72% em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - A captura de peixe em Cabo Verde registou este ano uma baixa de 72 por cento em relação ao ano passado, anunciou a Associação dos Armadores de Pesca (APESC) de Cabo Verde.

Em conferência de imprensa segunda-feira, na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, o presidente da APESC, João Lima, denunciou uma situação crítica que faz com que os operadores não consigam assumir as suas responsabilidades perante a banca e os fornecedores.

Perante este cenário, João Lima pede ao Governo a adoção, com urgência, de um plano de mitigação para o setor.

O presidente da APESC precisou que, neste momento, o total da descarga no Complexo de Pesca ronda as mil 394 toneladas de pescado, enquanto, no ano passado,  foram descarregadas quatro mil 977 toneladas.

“Por isso, estamos aqui a pedir este plano de mitigação. É mais um grito de alerta, e agora vamos aguardar com muita expetativa a resposta do Governo, na pessoa do senhor primeiro-ministro e da sua equipa, para sentarmos à mesa e fazermos um plano de mitigação para o mau ano de pesca em Cabo Verde”, disse.

A APESC recorda que os armadores cabo-verdianos não têm capacidade para irem pescar na vasta Zona Económica Exclusiva do arquipélago e enfrentam o problema de colocação de Dispositivos de Concentração de Peixe (DCP) dentro da ZEE de Cabo Verde.

Esta situação está a afugentar os cardumes que entravam nos bancos de pesca e nas zonas de captura para pesca artesanal, “que é um setor que está a sofrer neste país”.

Para além das alterações climáticas, João Lima diz que a fraca captura deve-se a fatores de ordem concorrencial.

“A concorrência direta aos armadores nacionais, todo o mundo sabe, é dos acordos que o Estado de Cabo Verde assina com os países. Nós entendemos que qualquer Governo em Cabo Verde pode assinar acordos porque estamos num mundo globalizado, mas tem que precaver a situação dos armadores nacionais da pesca artesanal e da sociedade civil”, acrescentou.

Segundo ele, "com os barquinhos de 14 a 25 metros que nós temos, não temos capacidade de ir pescar na nossa Zona Económica Exclusiva, na sua globalidade. É por isso que estamos a pedir também a embarcação para a cooperativa nacional que criámos”, refere.

No sentido de ajudar a mitigar a situação, a associação sugere uma série de medidas, nomeadamente isentar os armadores nacionais do pagamento de licenças para o ano económico de 2020, a uniformização do subsídio de gelo para todos os complexos de pesca, assim como uma reavaliação das tarifas praticadas no Complexo de Pesca de Cova de Inglesa.

“Apoiar com uma planificação que nós já temos para aquisição, num futuro muito próximo, de um navio industrial para a cooperativa que nós criamos, que possa operar na nossa Zona Económica Exclusiva, e também que o Governo, o mais breve possível, faça o favor de fazer a implementação do Campus do Mar (em São Vicente), porque o setor das pescas está com graves problemas na área da formação”, apontou.

A APESC propõe igualmente uma reavaliação técnica e criteriosa do chamado período de defeso da cavala preta, por considerar extenso o intervalo de 15 de julho a 15 de setembro.

“As sugestões já estão na posse do Governo há cerca de uma semana, de quem a APESC espera uma resposta favorável”, finalizou.

-0- PANA CS/IZ 29out2019