Agência Panafricana de Notícias

Cantor Jorge Neto morreu aos 55 anos em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – O cantor Jorge Neto, considerado como um dos intérpretes mais populares da música de Cabo Verde, faleceu quinta-feira, em Lisboa (Portugal), aos 55 anos, vítima de um duplo Acidente Vascular Cerebral (AVC),  que levou ao seu internamento, a 30 de dezembro passado, numa unidade hospitalar da capital portuguesa.

De acordo com fonte familiar, o artista sentiu-se mal no aeroporto de Lisboa, quando tentava  viajar para Cabo Verde, onde tinha agendado um show de passagem de ano  na ilha de São Vicente.

Desde então, Jorge Neto  que já tinha sofrido um anterior AVC, em finais de 2012, esteve em coma induzido, no hospital São Francisco Xavier, mas acordou a 17 de janeiro último e estava a reagir e a dar sinais de alguma recuperação, dando mais esperança à família que estava a analisar a possibilidade de o transferir para uma clínica de reabilitação em Lisboa.

No entanto, acabou por não resistir à gravidade das lesões sofridas na sequência do duplo AVC e acabou por falecer na manha de quinta-feira, 20 de fevereiro.

O anuncio da morte de Jorge Neto,  nascido a 03 de dezembro de 1964, em São Tomé e Príncipe, filho de mãe cabo-verdiana, desencadeou uma onda de reação de pesar por parte figuras ligadas ao Mundo da música e diversos quadrantes da sociedade cabo-verdiana como no país e na diáspora.

O Governo, através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas (MCIC), lamentou a morte do músico Jorge Neto e considerou que Cabo Verde perdeu um ícone da cultura popular.

Numa mensagem publicada na sua página na rede social, o MCIC assinala que  Jorge Neto foi um artista de “grande reverência e magnitude” que durante anos elevou o nome da música tradicional do país, com um estilo próprio e caraterístico, tanto na forma de cantar como na sua performance no palco.

“Jorge Neto foi um percursor da música contemporânea cabo-verdiana, uma voz de grande eco de Cabo Verde e deixa-nos, assim, depois de passar por um momento muito delicado de saúde. Ele foi um grande amigo de Cabo Verde, um exemplo e um ícone para muitos Cabo-verdianos”, lê-se na nota.

Também o Parlamento cabo-verdiano vai homenagear esta sexta-feira, 21, o falecido cantor em reconhecimento pelo contributo que deu enquanto “um grande artista que uniu a nação cabo-verdiana”.

Depois do anúncio da morte de Jorge Neto, conhecido pela sua versatilidade no palco, várias foram as reações dos colegas a lamentarem a perda do autor de “Rosinha”, a cancão que o celebrizou tanto em Cabo Verde como em todo o espaco lusófono, e que aproveitaram para endereçar as sentidas condolências à família do cantor.

A cantora Lura descreveu Neto como amigo e um artista “incomparável”. Para além de desejar muita luz no seu caminho até ao céu, Lura agradeceu ao artista por “tanta alegria e emoção” que lhes proporcionou com a sua música, com a sua arte e com os seus espetáculos, que considerou “maravilhosos”.

A página “Músicos de Cabo Verde”, para além de anunciar a morte daquele que afirma ser o rei do palco, aproveitou para endereçar condolências a todos os familiares, fãs, amigos e admirados do trabalho de Jorge Neto.

Para o mesmo, este artista contribuiu e muito para a consolidação da música de Cabo Verde no país e além-fronteiras.

“As lendas nunca morrem”, “O seu carisma continua vivo”, “Continuarás nas nossas lembranças e nos nossos corações”, “Ele vai ficar na obra da humanidade”, “Que tenha um descanso eterno” são algumas frases deixadas pelos fãs e amigos nas redes sociais.

Fez os estudos secundários, em Portugal, e, para fugir ao serviço militar obrigatório, emigrou para a Holanda.

Após 20 anos a viver entre Holanda e Portugal, o cantor fixou residência, em 2008, no bairro da Buraca, em Lisboa, onde vivia com a mulher, a mãe e os filhos.

Ele na música cabo-verdiana com o tema “Rosinha”, em 1987, como representante da Holanda no concurso Todo Mundo Canta, realizado na cidade da Praia, certame de que saiu vencedor.

Em 1988 integra o conjunto musical “Livity” com o qual gravou dois CD até interromper a sua participação  no grupo, em 1995, altura em que iniciou uma carreira a solo.

Nessa condição, o artista gravou vários CD e DVD, para além da participação em projetos e espectáculos na Europa, África, Ásia, EUA e todas as ilhas de Cabo Verde.

Após a reativação dos “Livity”, em 2007, Jorge Neto dividiu a sua carreira a solo com o grupo, mas com muito sucesso, sendo um dos artistas mais conhecidos de Cabo Verde, facto reconhecido publicamente quando venceu o Prémio de Melhor Artista em Palco, nos CVMA, em 2011 e 2012.

Em 2016, foi homenageado na segunda edição da gala Somos Cabo Verde, com o Prémio Mérito e Excelência.

-0- PANA CS/IZ 21fev2020