Agência Panafricana de Notícias

Candidato da oposição reclama vitória nas presidenciais do Mali

Bamako, Mali (PANA) - O candidato da oposição à segunda volta das eleições presidenciais no Mali, Soumaïla Cissé, rejeitou segunda-feira os resultados do escrutínio realizado domingo, mas ainda não divulgados, e reclamou vitória junto dos seus apoiantes.

"Rejeitamos, desde já, os resultados", declarou Cissé, de 68 anos, numa conferência de imprensa na sede do seu partido na capital maliana, Bamako.

A Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) anunciou para esta terça-feira o início da divulgação dos resultados, mas o partido no poder começou, também segunda-feira, a lançar resultados que colocam o atual chefe de Estado, Ibrahim Boubacar Keïta, como favorito.

"Eu apelo a todos os Malianos para que se levantem (...) Não aceitamos a ditadura da fraude", apontou Cissé, ex-ministro das Finanças e antigo presidente da Comissão da União Económica e Monetária da Oeste Africana (UEMOA), de 2004 a 2011.

O candidato, que obteve 17,78 porcento dos votos na primeira volta (contra os 42 porcento do atual Presidente), justificou a recusa dos resultados com a "existência de fraude".

"A fraude está provada. Por isso, há resultados que não vamos aceitar", disse, acrescentando que "aqueles que cometeram a fraude, são aqueles que incendiaram o país".

Recusando-se a reconhecer um Presidente "eleito através de fraude", Cissé prometeu que não será "o cordeiro sacrificado", muito menos aceitará "que o nosso país seja construído sobre a fraude, através de compras de consciência e métodos policiais".

"Continuaremos a denunciá-lo e a utilizar todos os métodos possíveis para que a verdade seja estabelecida", acrescentou Cissé, que já perdeu, para Keïta, a segunda volta das presidenciais em 2013.

Segundo o candidato, o programa informático utilizado pela sua equipa para compilar os resultados das eleições "foi atacado na noite passada".

"Estávamos com 51,93 porcento contra os 47,53 porcento do Presidente da República", assegurou.

A sua equipa de comunicação denunciou que seis membros seus foram detidos no domingo, cinco dos quais (um maliano e dois franceses, e dois franco-malianos) foram libertados, sem acusação, depois de duas horas detidos em esquadras da Polícia.

"Os computadores foram varridos, os portáteis apreendidos, por que razão, se não para esconder algo?", interrogou-se o principal opositor de Ibrahim Boubacar Keïta.

A comunidade internacional observa com atenção estas eleições presidenciais num país que se confronta com a ameaça 'jihadista', apesar de cinco anos de intervenções militares internacionais.

-0- PANA IZ 14agosto2018