Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde vai desenvolver apicultura

Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde vai começar a desenvolver a apicultura para aumentar a produção agrícola, através da polinização, e garantir a segurança alimentar e nutricional da sua população, anunciou o ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.

Gilberto Silva, que falava terça-feira aos jornalistas, à margem de um ateliê para a criação da plataforma apícola em Cabo Verde, recordou que vários países em África têm uma cultura apícola consolidada e têm tido grandes rendimentos e que tendo o arquipélago abelha no seu ecossistema "deve também desenvolver esta prática".

Neste ateliê de dois dias, as partes interessadas vão identificar as prioridades do setor apícola e o desenvolvimento de advocacias.

Segundo o governante, a produção de frutas depende em grande medida da polinização.

"Portanto, se nós tivermos população de abelhas saudáveis e sobretudo tivermos uma boa técnica de colocação dos apiários em momentos chaves, durante a produção, em Cabo Verde estaríamos a aumentar a nossa produção”, afirmou.

Segundo Gilberto Silva, esse projeto será implementado nas ilhas agrícolas com maior vegetação, nomeadamente Santo Antão, Fogo, Santiago, Brava, São Nicolau, na produção de mel e do pólen, mas também será implementado em ilhas menos agrícolas, como São Vicente, em que a aposta é no desenvolvimento de culturas em estufas.

“Há uma necessidade de desenvolver uma técnica de produção de abelhas para a polinização em estufa, por consequente nós teríamos de desenvolver a apicultura de forma adaptada às condições de cada ilha”, sublinhou.

Para Cabo Verde, informou, pretende-se uma apicultura não só voltada para a produção das colmeias (como mel e pólen), mas uma apicultura que contribua para a polinização, com a produção de frutas e hortícolas.

Com a criação desta plataforma apícola, Gilberto Silva assegurou que as partes interessadas vão poder trabalhar no desenvolvimento da apicultura, no sentido de mobilizar recursos para o setor, através de atividades de sensibilização para atração de investimentos mais adequados e apoio orçamental do setor público.

Cabo Verde, segundo o ministro, precisa de melhorar o conhecimento sobre a flora apícola, a dinâmica das colónias durante o ano, conhecer as principais ameaças e medidas de prevenção dessas ameaças, melhorar consideravelmente as técnicas adaptadas à realidade do país, conhecer melhor a biologia das abelhas e que variedades existem, com vista a dominarem todas as técnicas inerentes à apicultura.

Em termos económicos, indicou, há países em que a apicultura representa muito e há outros em que representa pouco, mas ele defendeu que o mais importante “não é só o seu impacto económico, mas sim é a sua existência e o serviço que desempenha”.

No caso do arquipélago, Gilberto Silva adverte que não existe condições para se ter uma “apicultura pujante” como noutros países com uma vasta área florestal, com espécies de valores apícola, que produzem grandes quantidades de mel e outros produtos como a cera, o pólen e outros.

“Em Cabo Verde, evidentemente, que não estamos à espera disto. Não é isto que estamos a promover, mas é ter uma apicultura que é possível ter e sobretudo assegurar que as abelhas que existem tenham saúde e que haja uma boa dinâmica populacional das mesmas, porque elas prestam um serviço ecossistémico muito importante, sobretudo no domínio da polinização”, advogou.

-0- PANA CS/IZ 14nov2018