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Cabo Verde utiliza “inimigo natural” no combate à lagarta do cartucho do milho

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) de Cabo Verde iniciou a produção de um inimigo natural da lagarta do cartucho do milho (Trichogramma) para combater, de forma biológica, a praga que desde 2016 afeta o país, apurou a PANA de fonte segura.

Trata-se de um projeto, surgido no âmbito da política de luta biológica e está a ser conduzido a partir do Laboratório do Instituto Nacional de Investigacao e Desenvolvimento Agrário (INIDA), segundo a mesma fonte.

O projeto teve o seu primeiro lançamento, segunda-feira última, durante o arranque da campanha agrícola no município de São Salvador do Mundo, no interior da ilha de Santiago.

Conforme informa o MAA na sua página de Facebook, as fábricas de produção dos Trichogramma, estão localizadas nas ilhas de Santiago e Santo Antão e que, brevemente, será também instalada uma na ilha do Fogo.

A produção do Trichogramma vem, como referido, na linha da política de combate biológico às pragas, que dá preferência ao uso de produtos naturais no tratamento das mesmas. 

Na impossibilidade de se fazer o tratamento das pragas com recurso a 100 por cento a produtos biológicos, sempre que possível, este deve ser o caminho, ou seja a utilização de produtos mais amigos do ambiente”, explica o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, citado na referida nota.

A nota explica que a libertação do Trichogramma (inimigo natural da lagarta do cartucho do milho) é considerada essencial para a mitigação dos efeitos de invasão desta praga, entre outras, que afetam as culturas em Cabo Verde.

A lagarta do cartucho é uma praga relativamente nova em Cabo Verde, contra a qual está a ser feito um intenso esforço de controlo desde 2016, pelos serviços do MAA, com base numa equipa de investigação liderada pelo INIDA.

“O controlo a esta praga é de abrangência nacional, e durante os meses de agosto, setembro e outubro, equipas do MAA estarão presentes no terreno controlando esta praga, no sentido de garantir um ano agrícola bem-sucedido”, acrescenta a nota.

Presente no ato do lançamento do projeto, o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, reconheceu que Cabo Verde ainda está “parcialmente” dependente da importação do inimigo natural da lagarta do cartucho do milho, garantindo no entanto que já se criaram “todas as condições” para a sua multiplicação.

“Estamos aqui num ato simbólico porque a libertação de um inimigo natural de lagarta do cartucho do milho, que é uma praga extremamente perigosa, significa muitos trabalhos por detrás”, sublinhou o governante.

Salientando que, para o efeito, se promoveram muitas formações, a importação do material genético, trabalhos de laboratórios com técnicos especialistas e mobilização de recursos.

O governante mostrou-se satisfeito com a presença dos agricultores no ato do lançamento, uma vez que, no seu entender, é necessário explicar-lhes como este combate funciona, para que possam participar de forma ativa.

“São eles que produzem e têm que ter consciência muito clara sobre o tipo do combate que estamos a dar, neste caso concreto, combate biológico, não através de substâncias químicas, mas, acima de tudo, do inimigo natural da própria praga para que ela se multiplique cada vez menos”, explicou.

Gilberto Silva assinalou que, na medida do possível, o MAA pretende fazer “todas as campanhas fitossanitárias com base nesta abordagem de luta integrada, utilizando material biológico e cada vez mais amigo do ambiente”.

-0- PANA CS/DD 01set2020