Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde sobe quatro lugares no ranking de Liberdade de imprensa de RSF

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde subiu quatro lugares na ranking mundial da liberdade de imprensa, divulgado quinta-feira pela Organização Não Governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Cabo Verde passou da 29.ª posição, em 2018, para 25.ª, em 2019, de acordo com a fonte.

A RFS, uma organização independente sediada em Paris (França), fundada em 1985 em Montpellier, no mesmo país, considera que “Cabo Verde distingue-se pela ausência de ataques contra jornalistas e por uma grande liberdade de imprensa”.

O relatório sublinha ainda que o último processo por difamação em Cabo Verde “remonta a 2002”.

O documento salienta ainda que, num país onde “o cenário mediático é dominado pelo setor público” da comunicação social, “os diretores [da Rádio Cabo Verde (RCV) e da Televisão Cabo Verde (TCV)] são nomeados diretamente pelo Governo”, mas que os conteúdos produzidos “não são controlados”.

No entanto, “a autocensura é prática comum” entre jornalistas das estacões da radio e da televisão publicas, lê-se no documento.

A RSF chama também a atenção para o facto da “RTC, principal grupo de média público, querer impor aos seus jornalistas um código de ética e de conduta “que tem várias clausulas que limitam a liberdade de expressão dos jornalistas nas redes sociais”.

Já, no que se refere aos média privados, a ONG destaca que o seu o desenvolvimento é “limitado por um mercado publicitário restrito e pela ausência de subvenções aos operadores audiovisuais”.

A RSF indica ainda que a geografia do arquipélago cabo-verdiano também dificulta a distribuição da imprensa e dos meios de transmissão em todas as ilhas.

No Ranking de 2019, a Noruega mantém, pelo terceiro ano consecutivo, o seu primeiro lugar, enquanto a Finlândia (+2) retoma a segunda posição, em detrimento dos Países Baixos (4.º, -1), onde dois repórteres especializados na cobertura do crime organizado foram forçados a viver sob proteção policial permanente.

O recrudescimento do assédio no meio digital fez com que a Suécia (3.º) perdesse uma posição.

Em termos de boas notícias, no continente africano, a Etiópia (110.º, +40) e a Gâmbia (92.º, +30) progrediram significativamente.

Em termos globais, a RSF denuncia que “o ódio aos jornalistas se transformou em violência, o que levou consequentemente a um aumento do medo na profissão. O número de países onde  jornalistas podem exercer com total segurança a sua atividade profissional continua a diminuir, enquanto os regimes autoritários reforçam o seu controlo sobre os meios da comunicação social”.

"Se o debate político desliza, de forma discreta ou evidente, para uma atmosfera de guerra civil, onde jornalistas se tornam bodes expiatórios, os modelos democráticos passam a estar em grande perigo”, lamenta Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.

“Deter esse mecanismo do medo é absolutamente urgente para mulheres e homens de boa vontade que prezam as liberdades adquiridas ao longo da história", precisou.

-0- PANA CS/DD 19abril2019