Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde repatria 65 náufragos senegaleses resgatados na ilha do Sal

Praia, Cabo Verde (PANA) - Os 65 sobreviventes do naufrágio da piroga que deu  à costa, na ilha cabo-verdiana do Sal, em 15 de novembro passado, foram repatriados para o Senegal, após negociações entre os governos dos dois países, apurou a PANA na cidade da Praia, de fonte oficial

No voo de repatriamento, realizado por um avião da transportadora aérea senegalesa Air Senegal, seguiu também o corpo de um dos candidatos à emigração para a Europa que acabou por morrer.

Este último faleceu no hospital da ilha do Sal, vítima de desnutrição e desidratação, logo no dia seguinte ao que a embarcação deu à costa.

De acordo com informações obtidas junto das autoridades marítimas cabo-verdianas, a piroga saiu do Senegal e tinha como destino o arquipélago espanhol das Canárias, mas, devido ao incêndio num dos motores da embarcação, a mesma ficou a deriva. 

Arrastada pela correnteza, a piroga foi parar às proximidades da localidade de Pedra de Lume, onde naufragou depois de ter ido de encontro aos rochedos e ter ficado totalmente destruída.

Na sequência do ocorrido, os imigrantes foram resgatados pelas autoridades locais que, durante duas semanas, os alojaram nas instalações de um centro desportivo, na cidade de Santa Maria.

No hospital Ramiro Figueira, deram entrada cinco dos 66 imigrantes resgatados com desidratação severa, desnutrição e outras complicações, mas todos eles, com exceção de um que acabou por morrer, acabaram por recuperar e juntar-se aos restantes náufragos.    

Uns dias depois do ocorrido, quatro corpos, que supostamente estariam na mesma embarcação, deram à costa e foram sepultados na ilha do Sal.  

No entanto, outros seis corpos foram avistados, mas não chegaram a ser resgatados, uma vez que às condições do mar no local não permitiram até a agora que isso tivesse acontecido.

Até hoje, não se sabe o número exato de pessoas que participaram nesta operação clandestina nem quantos senegalenses perderam a vida nesta tentativa de chegar à europa por via marítima.

No entanto, um dos cidadãos senegaleses que vivem em Cabo Verde e ajudou as autoridades na prestação de socorres aos sinistrados revelou que, provavelmente, teriam embarcado nesta aventura perto de 150 pessoas.

Na conferência de imprensa para fazer o balanço de uma visita de uma semana ao Senegal e à Nigéria, o ministro da Integração Regional de Cabo Verde, Rui Figueiredo Soares,  disse que manteve encontro, em Dakar,  com a ministra senegalesa dos Negócios Estrangeiros, Aisata Tal Sal, tendo, na ocasião, transmitido as condolências às autoridades senegalesas pela morte de alguns dos emigrantes clandestinos.

O governante cabo-verdiano avançou ainda que tratou com a ministra senegalesa a necessidade de reforçar o trabalho conjunto para fazer face ao fenómeno da emigração ilegal, que é feita em condições precárias.

"É preciso reforçar aqui a nossa cooperação ao nível da segurança, ao nível das fronteiras, ao nível do atendimento deste fenómeno da emigração ilegal", sustentou Rui Figueiredo Soares.

Tem sido frequente embarcações darem à costa das ilhas cabo-verdianas, e o caso mais recente foi, em setembro passado, quando uma piroga com cinco cadáveres em "avançado estado de decomposição" foi encontrada também ao largo da costa da ilha do Sal, não tendo sido avançado na altura a sua origem.

As autoridades marítimas cabo-verdianas acreditam que são pessoas que se aventuram no mar à procura de uma vida melhor e acabam por ser vítimas de acidentes, provocadas pelas precárias condições das embarcações utilizadas para o efeito.

-0- PANA CS/DD 01dez2020