Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde regista quebra de 127 milhões de euros nas reservas internacionais

Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde registou, em 2017, uma quebra de 1,4 milhões mil milhões de escudos (cerca de 127 milhões de dólares) nas suas reservas internacionais, resultante dum aumento “significativo” das importações e do alargamento das necessidades financeiras da economia cabo-verdiana, apurou a PANA, segunda-feira, de fonte segura.

Segundo o relatório anual do Banco de Cabo Verde (BCV), "a expansão da procura agregada, dadas as restrições da capacidade produtiva, resultou num crescimento significativo das importações e, consequentemente, no agravamento das balanças comercial e corrente".

O BCV afirmou ainda que, para satisfazer a procura, as importações de bens, sobretudo de capital, produtos alimentares transformados e combustíveis, aumentaram 18,7 porcento (10,1 porcento em 2016).

"O défice da balança corrente quase triplicou, passando de 2,7 para 7,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) sobretudo devido à deterioração do défice comercial de bens e serviços na ordem dos 31 por cento (15 por cento em 2016), determinada pelo aumento das importações de bens e serviços", reforça o BCV.

O alargamento das necessidades de financiamento da economia que, segundo o BCV, não foi compensado pelo crescimento das entradas de financiamento, levou a um "comportamento desfavorável" das contas externas, determinando "uma redução das reservas internacionais líquidas do país, na ordem dos 13 milhões de euros, pela primeira vez desde 2011".

Apesar da redução, o BCV assegura que as "reservas do país permaneceram em níveis considerados adequados", permitindo, a 31 de dezembro, garantir 5,9 meses das importações e mais de três vezes as responsabilidades de curto prazo do país.

Em 2016, as reservas internacionais líquidas do país permitiam cobrir 7,1 meses de importações, mais de seis vezes as responsabilidades de curto prazo do país.

Ainda há dois anos, o estoque das reservas internacionais líquidas do país cresceu 19 porcento para o valor histórico de 59,7 mil milhões de escudos (cerca de 542 milhões de euros).

O BCV assinala também que, globalmente, a economia nacional reforçou, em 2017, "o dinamismo evidenciado em 2016", tendo registado um crescimento de 3,9 porcento (3,8 porcento em 2016).

De acordo com o BCV, o crescimento "foi favorecido pelo fortalecimento do ciclo de recuperação das economias parceiras, bem como por impulsos orçamentais e monetários".

A execução de investimentos públicos, o efeito multiplicador do aumento das despesas com pessoal e o reforço de medidas de "afrouxamento" da política monetária, com redução das taxas de juro de referência em Junho, foram, segundo o BCV, determinantes para o comportamento da economia.

Do lado da procura, o crescimento contou com os "contributos positivos" do consumo privado e dos investimentos privado e público e, do lado da oferta, com o "incremento dos valores da indústria transformadora, da administração pública, da electricidade e água, do alojamento e restauração e do comércio".

O BCV assinalou uma conjuntura de aumento de empregos nos sectores da construção, da administração pública, do alojamento e restauração e da indústria transformadora, de crescimento contido da inflação (0,8 por cento em termos médios anuais) e de aumento do crédito ao setor privado (6,8 por cento, ritmo mais acelerado desde 2011).

"A performance da economia em 2017 sugere que esta estará reforçando o seu ciclo de retoma. Não obstante o fortalecimento da capacidade produtiva e de resiliência a choques exógenos, ela interpela as autoridades de política sobre o desenho adequado e a implementação eficiente de um quadro de reformas estruturais", defende o BCV.

Sublinhou que as autoridades “devem visar "a consolidação orçamental, a expansão do potencial de crescimento da economia, o reforço da solidez e o desenvolvimento do sistema financeiro, bem como adequação de competências académicas e profissionais para a maximização da empregabilidade e produtividade total".

O BCV esclarece também que as necessidades de financiamento do Estado determinaram o aumento da dívida pública em 1,8 porcento para 215,1 mil milhões de escudos (cerca de 1,95 biliões de euros), situando-se em 125,3 porcento do Produto Interno bruto (PIB).

No ano de 2017, as finanças públicas registaram um comportamento menos desfavorável, tendo o défice orçamental sido reduzido de 3,5 para 3,1 porcento do PIB, enquanto as receitas públicas aumentaram 14 porcento em resultado sobretudo do crescimento das receitas de impostos e dos donativos.

Por outro lado, as despesas cresceram 11,7 porcento em 2017.

-0- PANA CS/DD 26junho2018